O cientista político Michael Heinrich nasceu na Alemanha, é professor de economia na University of Applied Sciences, em Berlim e editor do PROKLA, revista de ciência social crítica. Heinrich também é um colaborador na MEGA-2 (Marx-Engels-Gesamtausgabe), instituição detentora e curadora dos manuscritos de Karl Marx e Friedrich Engels. Autor de vários estudos sobre O capital, um dos seus livros mais famosos é Kritik der politischen Ökonomie: eine einführung (Crítica da economia política: uma introdução) traduzido, recentemente, em inglês. Seu trabalho se concentra na teoria marxista e na história da teoria econômica.

Em 2018, bicentenário de Karl Marx, a Boitempo lança o primeiro dos três volumes de Karl Marx e o Nascimento da Sociedade Moderna: Biografia e Evolução das Suas Obras. De Heinrich, é a obra mais equilibrada, no sentido de se dedicar em partes iguais à vida e à obra, sobre o autor de O Capital.

Heinrich explica que o relato sobre a vida de Marx não é apenas uma biografia “intelectual”. Ela trata de todos os aspectos da vida de Karl Marx (até onde sabemos sobre eles) e do desenvolvimento de seu trabalho. No caso de Marx, em especial, não faz sentido separar vida e produção intelectual: algumas ações em sua vida, como o rompimento com antigos amigos, foram influenciadas por novos insights de seu trabalho. Por outro lado, ele foi frequentemente influenciado pelas mudanças em suas condições de vida, conflitos políticos levaram a novas questões, que mudaram o curso de seu pensamento e de sua pesquisa.

Segundo ele, a maioria das biografias existentes trata muito superficialmente das obras de Marx. Também não levam em conta todas as fontes disponíveis sobre sua vida, ao passo que algumas incluem um monte de estórias fantasiosas. Para o pesquisador, é necessária uma biografia realmente científica, que lide com as fontes de forma crítica. Há muitas biografias que tratam daquilo de que os biógrafos gostam e ignoram o que eles não gostam.

Nesse novo trabalho, ele espera lançar alguma luz sobre uma série de pontos relacionados ao desenvolvimento de Marx. Por exemplo, nesse primeiro volume, que deverá sair no início de 2018, ele vai dar novas informações sobre o papel dos primeiros poemas de Marx (que são geralmente negligenciados) no seu desenvolvimento intelectual e sobre as razões que o levaram à filosofia hegeliana, em 1837. Sua relação com Bruno Bauer, seu melhor amigo de 1837 a 1841, também será investigada de modo muito mais minucioso do que foi feito até aqui.

“Meus estudos sobre Marx foram influenciados pela situação política e pela cultura acadêmica na Alemanha, de onde venho. Em certo sentido, minha visão sobre Marx pode ser `europeia´, e eu espero aprender com visões que emergiram em outros contextos. Quanto ao meu projeto atual, a biografia de Marx, me interessa saber as expectativas dos leitores brasileiros.”

VEJA ABAIXO ENTREVISTA EXCLUSIVA QUANDO DE SUA VISITA À FUNDAÇÃO MAURÍCIO GRABOIS:

 

VEJA PAINEL ESPECIAL SOBRE OS 150 ANOS DO LANÇAMENTO DO PRIMEIRO VOLUME DE O CAPITAL, OCORRIDO NESTA QUARTA (31), DE MANHÃ, COM 

JOSÉ PAULO NETTO (UFRJ) E LUIZ GONZAGA BELLUZZO (UNICAMP):