Ambos são os organizadores do livro Conservadorismos, fascismos e fundamentalismos: Análises conjunturais, recém-publicado pela Editora da Unicamp, cujo tema inspirou o debate.

Em sua fala, Ronaldo de Almeida explicou que o livro, fruto de um trabalho coletivo, surgiu como uma resposta à atual crise política marcada por três momentos-chave: os protestos de 2013, a intensificação da crise em 2014 e o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Segundo o pesquisador, “o livro capta esse momento político e destaca esses termos [conservadorismos, fascismos, fundamentalismos] fazendo uma reflexão teórica sobre eles, mas também entendendo como eles estão sendo usados conjunturalmente”.

De acordo com Rodrigo Toniol, a estratégia escolhida foi a de trabalhar com essas categorias, analisando seu aparecimento, suas transformações e seus usos no contexto político atual. Esse método valoriza a pluralidade de significados dos termos estudados e permite lidar com a grande diversidade de eventos políticos ocorridos recentemente no país. Ou seja, em vez de trabalhar com base em definições e vínculos teóricos e políticos, é realizada uma “espécie de geografia dos conceitos”, observando os espaços de enunciação. Por isso, o uso do plural no título do livro.

Para exemplificar a complexidade que uma categoria adquire nesse cenário, o antropólogo Ronaldo de Almeida destrincha o conceito de conservadorismo em três dimensões: econômica, vinculada a um discurso liberal de Estado mínimo; moralizante, preocupada com os comportamentos e costumes; e de segurança, interessada num Estado mais repressivo e punitivo.

Durante o programa, também foi discutida a conjuntura política internacional. Conforme Almeida, apesar da pluralidade própria aos eventos políticos, percebe-se que, no Ocidente, há uma convergência para o conservadorismo. Enquanto a última eleição presidencial do México provou ser uma exceção, as atitudes do presidente estadunidense Donald Trump indicam um caráter considerado fascista.

Ele nos conta que essa hipótese é defendida no capítulo “Donald Trump é fascista?”, escrito pelo cientista político Alvaro Bianchi e pelo historiador Demian Melo. Segundo ele, a prática do político norte-americano pode ser relacionada à categoria designada como pós-fascismo.

Para Rodrigo Toniol, de fato nota-se um avanço conservador na política, embora não haja como negar os progressos tanto no grande número de países democráticos quanto no âmbito dos direitos humanos. Porém, segundo ele, há um equívoco em compreender a história como uma linha contínua. No momento, assistimos a uma onda conservadora.

Café com Conversa é um programa de TV realizado pela Editora da Unicamp em parceria com a Secretaria de Comunicação da Unicamp (SEC) e a Casa do Professor Visitante (CPV)/Fundação para o Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). O evento promove o debate de temas da atualidade com o intuito de contribuir para a divulgação científica e cultural.

O próximo Café com Conversa terá como tema “Reforma e crise política no Brasil”, título do mais recente livro do cientista social Armando Boito Jr. A gravação, aberta ao público, será no dia 12 de setembro (quarta-feira), às 16h30, no Café da Casa, na Casa do Professor Visitante da Unicamp. A plateia pode participar fazendo perguntas aos participantes.

Leia mais sobre o livro Conservadorismos, fascismos e fundamentalismos: Análises conjunturais no blog da Editora da Unicamp:

https://blogeditoradaunicamp.com

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