Estado, Direito e análise materialista do racismo
Conferência de Silvio Luiz de Almeida
“Já dissemos que existem negrófobos. Aliás, não é o ódio ao negro que os motiva. Eles não têm a coragem de odiar, ou não a têm mais. O ódio não é dado, deve ser conquistado a cada instante, tem de ser elevado ao ser em conflito com complexos de culpa mais ou menos conscientes. O ódio pede para existir e aquele que odeia deve manifestar esse ódio através de atos, de um comportamento adequado; em certo sentido, deve tornar-se ódio. É por isso que os americanos substituíram a discriminação pelo linchamento” (FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edufba, 2008, p. 61. Tradução de Renato da Silveira).
Assim, constantemente, sentimos o ódio racial em terras tupiniquins, aqui a luta pelo reconhecimento de nossa humanidade tem quase quinhentos anos e a ausência de pessoas negras em posição de destaque coloca mais da metade da população brasileira a parte da vida social, política e econômica.
Essa situação leva a atitudes racistas, disfarçadas ou não, as pessoas negras que alcançam algum destaque são sempre vidraças. São usadas por essa lógica da exploração e da segregação. O racismo impregna a alma, dos opressores e dos oprimidos e situações de desigualdade vivenciadas cotidianamente não causam reações negativas, mas a presença de negros/negras em posição de poder faz aflorar o racismo, é como se tivesse alguma coisa fora da ordem e são usados como elogios ou ofensas, um exemplo corriqueiro nas escolas são os apelidos imputados às crianças negras com referência aos poucos personagens presentes nos programas de televisão. Afinal, “o racismo é uma ideologia enquanto prática social que normaliza, naturaliza a posição de negros e brancos numa sociedade” (Silvio Luiz de Almeida).
Trazer esse vídeo sobre “Estado, Direito e análise materialista do racismo” em que o jurista Silvio Luiz de Almeida trata a temática do ponto de vista da estrutura do capitalismo nos auxilia a pensar nos ataques à imagem de Marielle. Cutucam nossas feridas já naturalizadas pelo cotidiano e tentam fazer descer goela abaixo o lugar que destinaram a nós na sociedade.
“Todas as vezes em que um homem fizer triunfar a dignidade do espírito, todas as vezes em que um homem disser não a qualquer tentativa de opressão do seu semelhante, sinto-me solidário com seu ato”. (FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edufba, 2008, p. 187. Tradução de Renato da Silveira).