Assim foi a “Aula pública unificada em defesa da Filosofia, da Sociologia e das Humanidades”, evento promovido na última sexta-feira (10) pela seção maranhense da Fundação Maurício Grabois em parceria com o Fórum Maranhense em Defesa da Filosofia. Realizado no Centro Odylo Costa Filho, na capital maranhense, o “aulão” reuniu um público de mais de quatrocentas pessoas. Eram estudantes, professores das universidades Federal e Estadual, do Instituto Federal e de várias outras instituições, além de militantes de movimentos sociais, profissionais liberais e pessoas do mundo da cultura e da política.

A iniciativa surgiu das críticas feitas aos cursos de Filosofia, Sociologia e Ciências Humanas pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu ministro da Educação, Abraham Weintraub. Na visão do presidente, é preciso redirecionar os investimentos feitos nessas áreas para cursos que deem “resultado imediato”. As afirmações de Bolsonaro geraram grande repulsa entre vários setores da academia, em particular aqueles que trabalham com áreas de Ciências Sociais e Humanas. Lideranças estudantis de várias universidades saíram em passeata da Praça Joãozinho Trinta até a Praia Grande (Reviver), local onde seria realizada a Aula Pública.

 

Ato da FMG no MA em defesa das Humanas

O evento teve início com a leitura do poema “O Tempo”, do poeta maranhense Bandeira Tribuzi, e seguiu com a apresentação do professor da Escola de Música do Estado Zezé Alves, que interpretou em sua flauta a conhecida canção antifascista Bella Ciao. O evento contou com exposições dos professores Zilmara de Carvalho (Depto. Filosofia UFMA); Arleth Borges (Depto. Ciências Sociais UFMA); Fábio Palácio (Depto. Comunicação UFMA); Francisco Valdério (Depto. Filosofia UEMA); Henrique Borralho (Depto. História UEMA); Ilse Gomes (Depto. Ciências Sociais UFMA), e Zulene Barbosa (Depto. Ciências Sociais UEMA).

A fala principal foi proferida pelo professor aposentado de Filosofia do Direito da UFMA Agostinho Ramalho Marques Neto, intelectual de renome em sua área, autor de um dos capítulos do livro Comentários a uma Sentença Anunciada: o Processo Lula, organizado pela jurista Carol Proner. Em sua exposição, Agostinho destacou que não estamos propriamente diante de uma luta entre duas correntes de pensamento, mas de uma batalha entre “o pensamento e o antipensamento”. Para Agostinho Marques, o triunfo do olavo-bolsonarismo é revelador do nível a que o país chegou com a escalada do obscurantismo.

Em sua exposição na Aula Pública, o presidente estadual da Fundação Maurício Grabois, Fábio Palácio, destacou: “Desde que o tempo passou a ser percebido como ativo econômico, parece não haver lugar para nada que fuja ao pragmatismo dos ‘resultados imediatos’. Esse traço marca indelevelmente a atmosfera cultural de nosso tempo, e está presente também nos ambientes acadêmicos, através da recusa da Filosofia, da Sociologia e das Humanidades”. A íntegra da intervenção do presidente da Grabois Maranhão está sendo transcrita e será divulgada em breve.