Alberto Santos Dumont nasceu em Palmira, filho de Henrique Dumont, engenheiro formado pela Escola Central de Artes e Manufaturas de Paris, e de Francisca de Paula Santos, projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio
 
Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina.
 
Em 23 de outubro de 1906 voou cerca de sessenta metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie (“ave de rapina”), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de seis metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar, a primeira demonstração pública de um veículo levantando voo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.
 
Um século depois, em dezembro de 2020, o Embraer E2 atingiu um marco histórico e fez o seu primeiro voo na Ponte Aérea entre Congonhas e Santos Dumont, sendo o maior jato brasileiro a voar na rota mais movimentada do país.
 
Em maio de 2020, alguns meses antes do sucesso do E2 o CEO da Boeing, David Calhoun, foi questionado sobre o risco de falência de uma grande empresa aérea americana. Ele afirmou que é provável que isso ocorra: “Uma grande empresa aérea americana irá fechar”, afirmou o CEO da Boeing
 
Em abril de 2020 na matéria do G1 fica registrada a desistência: a Boeing cancelou a compra bilionária de parte da Embraer. A gigante americana afirmou que a empresa brasileira não cumpriu exigências que constavam do acordo. Mas a Embraer negou qualquer irregularidade. No comunicado a Boeing afirmou que ”exerceu seu direito de rescindir o contrato após a Embraer não ter atendido às condições necessárias”. O presidente da Boeing, Marc Allen, diz ainda que “é uma decepção profunda”. Mas a empresa americana não detalhou quais são essas pendências. No começo da tarde, a Embraer avisou que vai buscar medidas na Justiça contra o cancelamento, que alega ser indevido.

Em nota, a Embraer afirmou que a Boeing “fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos e fechar o negócio de US$ 4,2 bilhões. A empresa brasileira disse ainda que “a Boeing ‘adotou um padrão de atraso devido à falta de vontade em concluir a transação” e reforçou que “cumpriu todas as condições necessárias para o acordo. A Embraer buscará uma compensação da Boeing para recuperar as perdas resultantes do término do acordo”, diz o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto.
A união entre as duas empresas já tinha até nome: Boeing Brasil Comercial. A gigante americana seria dona de 80% da aviação comercial da Embraer, que continuaria à frente da aviação executiva e do setor militar.
 
As duas empresas formariam ainda uma segunda joint venture para desenvolver novos mercados para a aeronave militar KC-390.
 
Segundo um pesquisador da Unicamp, especialista em indústria aeronáutica, a decisão da Boeing é por problemas estruturais. A empresa já enfrentava a crise de credibilidade por causa dos acidentes envolvendo o modelo 737 MAX. A situação piorou com a pandemia de Covid-19, que atingiu em cheio o setor da aviação. “Isso impactou nas finanças da empresa, na própria administração. O presidente da Boeing foi substituído, a empresa está passando por amplo processo de restruturação. E a Boeing necessita de recursos públicos para sobreviver. Para fazer essa reestruturação e poder sobreviver”, diz o professor da Unicamp Marcos José Barbieri Ferreira.
 
Em entrevista a Hora do Povo Wagner Farias da Rocha, há algum tempo o engenheiro do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), um gigante na resistência à criminosa tentativa de venda da Embraer para a americana Boeing, afirmou:
 
” a empresa brasileira certamente superaria a sabotagem governamental e seguiria na vanguarda tecnológica da aviação mundial. A Embraer, herdeira de Santos Dumont, havia desenvolvido várias aeronaves que inovaram as concepções da aviação moderna e conquistaram grandes espaços no mercado mundial. Seria um crime sem precedentes a sua incorporação à decadente Boeing”
 
O anúncio foi feito pela Embraer no dia 21 de agosto deste ano em seu primeiro voo de uma aeronave totalmente elétrica, uma iniciativa pioneira, em parceria com outra empresa brasileira fabricante de motores elétricos, a Weg, de Santa Catarina, que forneceu o motor.
 
Segue o articulista da matéria da Hora do Povo: – A associação exitosa com outra empresa de ponta, como a Weg, fornecedora do motor, confirma o pensamento revolucionário do filósofo nacionalista Álvaro Vieira Pinto. Autor da obra “O Conceito de Tecnologia”, Vieira dizia que “o crescimento industrial próprio de um país representa um grande avanço, enquanto a simples presença de indústrias estrangeiras em solo nacional, representa apenas um avanço delas sobre a nação”. É o que nós confirmamos agora com o sucesso da união da Embraer com a Weg.
 
A grata e bem vinda “teimosia” da Embraer em se manter na vanguarda tecnológica e seguir destronando concorrentes mundo afora, mesmo sob governos sabotadores, como foram os de Temer e Bolsonaro, que pretendiam doá-la para a Boeing, é uma prova da tenacidade, do patriotismo e da competência dos engenheiros e técnicos brasileiros, finaliza o artigo.
 
O portal CanalTech, em artigo com o título “Embraer vende mais 100 carros voadores e ações disparam” de 23 de Setembro de 2021, registra: “Embraer e a Bristow Group anunciaram recentemente um acordo de intenção de compra de 100 unidades do carro voador Eve, desenvolvido pela fabricante brasileira. Além disso, as empresas trabalharão em conjunto para o desenvolvimento de novas modalidades de mobilidade aérea urbana (UAM), tanto para transporte de passageiros quanto de cargas. Segundo a Embraer, a cooperação se favorece dos pontos fortes de cada parceiro: a britânica Bristow conta com mais de 70 anos de experiência em operações globais de transporte, enquanto a brasileira entra com seu produto, que deve realizar o voo do primeiro protótipo em tamanho natural ainda em 2021. O portal Canaltech em outra reportagem registra mais dois acordos: Embraer fechou acordo com empresas nos EUA para utilização de 60 carros voadores, dessa vez, a fabricante brasileira firmou uma parceria com a Blade Air Mobility, dos Estados Unidos, que utilizará os veículos para transporte de passageiros na Flórida e em outros mercados na costa oeste por meio de uma espécie de permuta. A Embraer segue fazendo história e já demonstra que será um forte player no mercado de carros voadores. A fabricante brasileira, por meio de sua startup Eve Urban Air Mobility Solutions, fechou um acordo de venda de 200 eVTOLs para a Halo, famosa empresa de táxi aéreo urbano que atua nos Estados Unidos e em Londres. As entregas, de acordo com a empresa, começam a ser feitas em 2026.”
 
O ambiente operacional do acordo entre as companhias se concentrará em áreas como design de veículos, design de vertiportos, desenvolvimento regulatório para o ambiente operacional, certificação eVTOL (veículo elétrico com decolagem vertical) e operação autônoma. Um padrão entre as parcerias recentes formalizadas pela brasileira.
 
Ambas as empresas planejam desenvolver capacidades baseadas em serviços para apoiar e otimizar o desempenho e a utilização de eVTOLs em operação e sistemas de Gerenciamento de Tráfego Aéreo existentes, bem como novos sistemas de aeronaves não-tripuladas e gerenciamento de tráfego não-tripulado.
 
A engenharia nacional na competência, no projeto e fabricação da indústria aeronáutica tem muito a comemorar com as recentes vitórias da Embraer, principalmente a manutenção do controle sob hegemonia nacional e dos herdeiros de Dumont. O recente episódio da tentativa fracassada de entrega desse conhecimento e patrimônio para a gigante americana revela a importância do movimento Engenharia pela Democracia levar adiante o debate do Projeto Nacional de Desenvolvimento no bi centenário.