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Dois anos de pandemia, dois anos de gestão suicida.

14 de março de 2022
Protesto em homenagem às vítimas da Covid

Dois anos depois, o mundo avalia erros e acertos da gestão da pandemia. Recuo nos contágios favorece flexibilização do uso de máscaras, que deixa os mais idosos e vulneráveis apreensivos. No Brasil, a Fiocruz observa a recorrência dos mesmos erros, dois anos depois.

Quase 500 milhões de pessoas foram infectadas com o coronavírus desde março de 2020 e novas variantes ainda são uma ameaça. Esta sexta-feira marca dois anos desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a disseminação global do COVID-19 como uma pandemia.

Com o recuo contágios e óbitos pela variante ômicron, as cidades brasileira começam a liberar o uso de máscaras em lugares público, com prazo para abandoná-las em ambientes fechados. Isto ocorre num cenário de cerca de 500 pessoas morrendo todos os dias da doença, embora a curva seja descendente nas últimas semanas.

Após sinais de progresso e exaustão, até cidades e estados com as mais rígidas precauções contra o coronavírus estão revertendo-as. Para milhões de brasileiros que mantiveram suas máscaras e se distanciaram socialmente muito depois de grande parte do país ter abandonado as medidas de segurança, é um momento que provocou alívio, mas também decepção, frustração e ambivalência incômoda.

Alguns pais dizem que ficam felizes por seus filhos finalmente poderem frequentar a escola sem máscara, enquanto outros se preocupam com o fato de crianças ainda muito jovens para serem vacinadas estarem agora em maior risco de infecção ou transmissão para membros mais velhos da família.

Muitas crianças, por outro lado, cresceram associando o uso de máscaras ao risco de morte e ficam ansiosas diante da possibilidade de abandonar seu uso, agora. Principalmente, quando a variação do cuidado com esta medida sanitária varia de lugar para lugar e parece não fazer sentido para elas. Os pais precisam estabelecer orientações que acalmem e façam algum sentido para os pequenos.

Brasil: gráficos de casos e óbitos mostram a queda gradativa na curva epidemiológica


Depois de tantas vitórias falsas e surtos mortais nos últimos dois anos, muitas pessoas disseram que temiam baixar a guarda agora apenas para convidar uma nova variante perniciosa para frustrar suas esperanças mais uma vez. Outras dizem que, diante da exaustão, mesmo que surja outra variante perigosa, não voltarão a usar máscaras, se não forem obrigadas. Por outro lado, há inúmeros casos de pessoas que escaparam ao contágio durante a maior parte da pandemia, e durante a ômicron ficaram doentes por terem aliviado o uso de máscaras em público. Agora lidam com sequelas respiratórias, fora o processo sofrido da recuperação da doença.

Muitos ainda expressam preocupação com a flexibilização das restrições que lhes parece uma mudança abrupta, especialmente devido à ameaça duradoura que o Covid-19 representa para idosos e pessoas com deficiências e sistemas imunológicos enfraquecidos. Pessoas nessas condições sentem que foram deixadas para morrer, como se as pessoas estivessem desistindo das medidas sanitárias porque não podem mais ser incomodadas.

Pouco se fala dos cuidados que estas pessoas com comorbidades sérias e as empresas que as recebem precisam manter para garantir a saúde delas com o retorno ao trabalho e à vida pública. A opinião de gestores de saúde pública não é diferente, pois consideram que não tenha acontecido nada que sugira que as obrigatoriedades de vacinas e máscaras devam ser suspensas.

Liderança política

A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, se manifestou, nesta sexta-feira (11), pelas redes sociais, sobre os dois anos da pandemia de Covid-19, decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março de 2020.

Luciana declarou que “a crise sanitária que tomou o mundo aprofundou desigualdades e escancarou o papel da ciência e a importância do investimento público em saúde”.

Sobre o trágico cenário nacional, marcado pela soma entre pandemia e governo Bolsonaro, Luciana salientou: “com um presidente negacionista, o Brasil perdeu mais de 650 mil pessoas para o vírus. E afundou no desemprego, na inflação e na fome”.

A pandemia, disse a dirigente, “ainda não acabou, mas as vacinas e a atuação dos gestores locais trouxeram esperança. Vamos superar a Covid e esse governo incompetente”.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann também referiu-se a este período ressaltando os aspectos perniciosos que ficaram expostos com a pandemia. “Dois anos depois de decretada a pandemia da covid, vimos a desigualdade social se aprofundar no mundo com a falta de acesso à vacinação pelos países mais pobres. Aqui, um governo negacionista trouxe dor, 654 mil mortes e a incompetência deixou o país no caos da fome e inflação”, disse ela.

O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) também lamentou as 654 mil vidas perdidas. “Mas, o pior é constatar que, se não tivéssemos um governo negacionista e desumano, poderíamos ter evitado até 400 mil mortes. O que houve no Brasil foi um genocídio e a culpa é de Jair Bolsonaro”, acusou.

O epidemiologista da Fiocruz-Amazônia Jesem Orellana também considera que o governo de Jair Bolsonaro contribuiu de maneira decisiva para o fracasso do combate à pandemia no Brasil. “Foram tantos erros que é até difícil elencar”, afirmou em entrevista à Rede Brasil Atual. Atualmente os números de casos e de óbitos vem caindo, em função da vacinação, que avançou praticamente à revelia e apesar das dificuldades impostas pelo governo federal.

Orellana aposta no aumento da imunização para dizer que “dias melhores” virão. Mas destaca que o surgimento de novas variantes é imprevisível. Assim, ele prega cautela nesse período de transição. “Enquanto a OMS não declarar a pandemia como controlada, não há fundamento para esses extemporâneos relaxamentos”, criticou.

Erros recorrentes

Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado em 9 de fevereiro, apresentou um balanço de dois anos da pandemia de Covid-19, declarada Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 30 de janeiro de 2020 e de importância nacional pelo Ministério da Saúde em 3 de fevereiro daquele ano. A análise apresentou uma perspectiva da evolução da pandemia, dividida em fases, desde a descoberta do vírus até os dias atuais, em que revela os erros (e crimes contra a saúde pública) contínuos que o Ministério da Saúde e o Governo Bolsonaro mantém apesar de todo o aprendizado da pandemia e do fim da CPI da Covid que apontou os crimes cometidos pelo governo.

Os problemas de gestão da pandemia continuam a envolver sabotagem do governo Bolsonaro à vacinação infantil, total falta de comunicação governamental sobre a continuidade das medidas sanitárias, apagão de dados estatísticas e desigualdade regional da campanha de imunização. A falta de busca ativa de pessoas não vacinadas também prejudica a campanha, assim como a menor disponibilidade de leitos de covid, em relação ao início da pandemia, quando havia hospitais de campanha. O colapso da força de trabalho na saúde é outro problema pouco enfrentado pelo governo.

Com base nos estudos realizados pelos pesquisadores da Fiocruz, o balanço sintetiza a dimensão das perdas, totalizando 6,7% do total de casos de covid do mundo tendo ocorrido no Brasil. Os 11% do total de óbitos mundiais demonstram o impacto dramática da pandemia no Brasil, se comparada com a maioria dos países. Apenas os EUA tiveram mais mortes que o Brasil. A Índia, com cenário econômico similar e população sete vezes maior que a do Brasil, conseguiu controlar melhor o agravamento dos casos.

Em casos, o Brasil só não teve um cenário pior que EUA e Índia

Em óbitos, o Brasil só não teve um cenário pior que os EUA

O estudo aponta para um cenário ainda preocupante, com rápida transmissão da variante Ômicron e especulação sobre o fim da pandemia. A vacinação é a maior prioridade na fase atual, segundo a Fundação, mas continua sofrendo sabotagem do governo federal, que tentou impedir o avanço da vacinação infantil.

Alguns países e agências de saúde já discutem ou vêm adotando a transição de pandemia para endemia. Para os pesquisadores, a mudança não representa a eliminação do vírus e da doença, nem mesmo a desobrigação de medidas de proteção individuais e coletivas. “A classificação da doença como endêmica só poderia ser pensada após drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de campanha mundial de vacinação”, aponta o documento.

O documento sugere que para que isso seja possível é essencial colocar em prática quatro estratégias de saúde pública, como realizar busca ativa por pessoas que ainda não iniciaram seus esquemas vacinais e massificar a campanha de incentivo à vacinação de crianças. Em vez disso, recentemente, o governo abriu um Disque Denúncia para pessoas que não queiram ser vacinadas denunciem estabelecimentos e serviços que exijam o comprovante de vacinação.

Finalmente, o Boletim aponta que o avanço da vacinação no Brasil, depois de um ano, tem ocorrido, mas não de forma homogênea e evidencia as diferentes realidades do país. Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda têm bolsões com baixa imunização para Covid-19. “Estes bolsões se constituem em locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano, populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte. Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses”, avaliam os cientistas.

A desigualdade da vacinação no Brasil expõe problemas de base, como acesso geográfico, logística de distribuição, armazenamento, gestão de estoques e velocidade na informação. A Fiocruz observa que, até agora, mais de um ano depois do início da vacinação, o governo não resolveu estes problemas logísticos. “Em meio a pandemia, problemas que deveriam ter sido enfrentados antes, para trazer mais equidade e eficiência no processo de imunização, podem tornar populações com baixa taxa de cobertura mais vulneráveis e permitir o surgimento de novas variantes, como observado em áreas mais pobres do continente africano”, explicam no documento.

Para os pesquisadores, a falta de ampla campanha de comunicação para sustentar os benefícios das vacinas e das medidas não farmacológicas se mostrou muito prejudicial. Mesmo com a trajetória de sucesso do PNI, manter a qualidade e o desempenho de um programa dessa natureza, em um país com as características do Brasil, não é tarefa fácil. Sendo assim, é preciso planejar e investir permanentemente de modo a promover o acesso, a equidade e a universalização dos cuidados de saúde necessários.

Evolução dos erros

balanço da FioCruz apontou as fases mais evidentes da pandemia e os erros cometidos em cada uma delas. Nas primeiras semanas de março ocorreu a expansão da transmissão das grandes cidades em direção ao interior.

Nessa fase observavam-se grandes filas de espera para internação em UTI e elevada ocorrência de óbitos por falta de acesso, ou acesso tardio aos cuidados de alta complexidade. O principal gargalo da gestão federal da pandemia ocorreu entre os meses de abril e maio, em Manaus, único município do Amazonas com capacidade para oferta de cuidados hospitalares de alta complexidade, ocorreu o primeiro grave colapso do sistema de saúde no país.

De junho a agosto de 2020, o principal problema foi o desestímulo ao lockdown e às medidas sanitárias pelo governo federal. A queda contínua das medidas de distanciamento físico foi seguida do crescimento gradual de casos, positividade de testes, internações e óbitos que estabilizaram em um patamar elevado. Este foi um período caracterizado especialmente por um alto patamar na mortalidade, com cerca de mil óbitos diários.

No período também começou a ser observado o aumento do número de casos e de óbitos em gestantes, um forte indicativo que a Covid-19 não era apenas a causa direta da morte, mas também causa indireta, devido `às dificuldades das gestantes em fazer um acompanhamento qualificado do período pré-natal. Os hospitais estavam lotados prioritariamente por doentes de covid, algo que afetou a mortalidade por outras causas.

De setembro a novembro de 2020, No período houve relativa redução do número de casos e de óbitos, com governos estaduais e municipais adotando medidas isoladas de distanciamento físico e social e uso de máscaras, sem que se dessem de modo articulado nacionalmente e regionalmente. Em novembro, os casos voltaram a crescer e o maior impacto nas taxas de ocupação de leitos de UTI se concentraram nas regiões Sul e Centro-Oeste e novamente no Amazonas.  

De dezembro de 2020 a junho de 2021, ocorre a segunda onda de transmissão, que coincidiu com o período de festas de fim de ano e férias, acompanhada da flexibilização das medidas de restrição à mobilidade, principalmente em dezembro de 2020. A variante Gama atinge seu ápice em abril de 2021, com valores muito altos de casos e óbitos de março a junho, alcançando picos de até 3 mil óbitos por dia. Esta fase foi marcada pelo colapso do sistema de saúde e pela ocorrência de crises sanitárias localizadas, combinando deficiência de equipamentos, de insumos para UTI e esgotamento da força de trabalho da saúde.

Em 17 de janeiro de 2021 se iniciou a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, porém com um pequeno número de doses (6,2 milhões), devido à resistência do Governo Bolsonaro em negociar as vacinas com os laboratórios internacionais. As primeiras doses se devem ao investimento do Governo de São Paulo, que sofreu contínuos ataques de Bolsonaro por desenvolver sua vacina. Entre março e junho de 2020, ocorrem novo colapso do sistema de saúde.

De julho a novembro de 2021, foi um período de redução do número de casos graves e mortalidade devido ao forte avanço da vacinação, apesar do desestímulo do governo federal, que passou a ser investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Em setembro, com 40% da população elegível vacinada, o Brasil alcançou uma média diária de 500 óbitos. E em novembro, já com 60% da população vacinada, a média de óbitos diários estava em torno de 250.

De dezembro de 2021 a janeiro de 2022, ocorre a terceira onda de transmissões, coincidindo com o período de festas, férias, relaxamento de medidas de restrição à mobilidade e a introdução no país da variante Ômicron. Essa fase marcada por uma epidemia de vírus influenza A em vários municípios, também sofreu com mais uma omissão calculada do governo federal, com o “apagão de dados”, quando houve várias semanas de interrupção na recepção de dados da vigilância, comprometendo o monitoramento e análise da evolução da pandemia. 

Segundo os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz o Brasil ainda se encontrava nesta fase e há forte especulação sobre que momento da pandemia o país vive e se está caminhando para o fim. “Em que pese o fato de a vacinação ter impedido que as internações e óbitos subam em igual velocidade aos casos, o aumento súbito de doentes faz crescer, inevitavelmente, a demanda por serviços de saúde, com impactos nas taxas de ocupação de leitos de UTI”, apontam.  

O cenário indica ocorrência de internações maior entre idosos, quando comparadas aos adultos. No entanto, as internações entre crianças crescem em níveis preocupantes. Por se tratar do último grupo em que a vacinação foi iniciada, já em 2022, as crianças representam hoje o grupo com maior vulnerabilidade. Apesar disso, o governo continuou sugerindo medidas para impedir a vacinação de crianças, como a autorização para os pais que não queiram imunizar filhos ou a exigência de recomendação médica.

Mundo: gráfico de casos (acima) e mortes (abaixo) mostram evolução da pandemia


Até este momento, o mundo registrou mais de 452 milhões de casos no mundo — 29,3 milhões no Brasil — e 6 milhões de mortes, das quais 654 mil no país. Atualmente, o Brasil está na 14ª posição do ranking mundial de mortes proporcionais pela Covid, com 3.058 por milhão de habitantes.

A avaliação da agência de saúde da ONU foi feita seis semanas depois que o vírus foi declarado uma emergência de saúde global, quando havia menos de 100 casos e nenhuma morte fora da China. Dois anos depois, mais de 6 milhões de pessoas morreram.

“Embora os casos e mortes relatados estejam diminuindo globalmente e vários países tenham levantado as restrições, a pandemia está longe de terminar – e não terminará em nenhum lugar até que termine em todos os lugares ”, disse o diretor da OMS , Tedros Adhanom Gebreyesus, na quarta-feira.

Falando a jornalistas em Genebra, Tedros lembrou ao mundo que muitos países da Ásia e do Pacífico estão enfrentando surtos de casos e mortes.

“O vírus continua a evoluir e continuamos a enfrentar grandes obstáculos na distribuição de vacinas, testes e tratamentos em todos os lugares em que são necessários”, disse ele.

© UNICEF/Vinay PanjwaniAs vacinas COVID-19 estão sendo administradas a jovens de 15 a 18 anos em Rajasthan, Índia.

Evite ‘recuperação em dois níveis da covid-19’

O secretário-geral da ONU divulgou uma declaração na quarta-feira apoiando a avaliação do chefe da OMS, de que seria “um grave erro” pensar que o vírus estava agora no espelho retrovisor.

Em comunicado publicado na quarta-feira, António Guterres reiterou que a distribuição de vacinas continua “escandalosamente desigual”.

“Os fabricantes estão produzindo 1,5 bilhão de doses por mês, mas quase três bilhões de pessoas ainda aguardam a primeira dose”, destacou.

O chefe da ONU culpou esse “fracasso” em decisões políticas e orçamentárias que priorizam a saúde das pessoas em países ricos, sobre a saúde das pessoas em países pobres.

“Esta é uma acusação moral do nosso mundo. É também uma receita para mais variantes, mais bloqueios e mais tristeza e sacrifício em todos os países. Nosso mundo não pode permitir uma recuperação em dois níveis do covid-19 ”, disse ele.

Guterres acrescentou que, apesar das inúmeras outras crises globais, o mundo deve atingir a meta de vacinar 70% das pessoas em todos os países até meados deste ano.

“Ciência e solidariedade provaram ser uma combinação imbatível. Devemos nos dedicar novamente a acabar com esta pandemia para todas as pessoas e todos os países, e fechar este triste capítulo da história da humanidade, de uma vez por todas”, enfatizou.

NIAID/NIHMicrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula (azul) fortemente infectada com partículas do vírus SARS-CoV-2 (vermelho).

Nova variante ‘recombinante’ de Delta e Omicron

O chefe da OMS também expressou sua preocupação com a ‘redução drástica’ de testes em vários países.

“Isso inibe nossa capacidade de ver onde está o vírus, como está se espalhando e como está evoluindo ”, alertou.

Enquanto isso, a líder técnica do COVID-19, Maria Van Kerkhove, informou que a agência está ciente de uma ‘cepa recombinante’ na Europa.

“ É uma combinação de Delta AY.4 e Omicron BA.1 Foi detectado na França, Holanda e Dinamarca, mas há níveis muito baixos dessa detecção”, disse ela, enfatizando também a importância de testar e sequenciar em todo o mundo .

Dr. Van Kerkhove explicou que o recombinante era esperado devido à alta circulação de Omicron e Delta.

“Com o surgimento da Omicron, em alguns países, a onda do Delta já havia passado, então a circulação estava em um nível baixo, mas em outros países, na Europa por exemplo, o Delta ainda circulava em alto nível quando o Omicron surgiu”, ela detalhado.

O especialista destacou que, até agora, os cientistas não viram nenhuma mudança na gravidade do COVID-19 com essa cepa, mas que os estudos ainda estão em andamento.

“Infelizmente, esperamos ver recombinantes porque é isso que os vírus fazem, eles mudam com o tempo. Estamos vendo níveis intensos de circulação; vemos que esse vírus afeta os animais com a possibilidade de voltar a afetar os humanos”, alertou.

Dr. Van Kerkhove pediu aos países que reforcem seus sistemas de vigilância e sequenciamento em vez de “desmontá-los para passar para o próximo desafio”. Ela também reiterou seu apelo para o uso de uma abordagem em camadas para ferramentas de saúde pública.

“A pandemia está longe de terminar, não só precisamos nos concentrar em salvar a vida das pessoas, mas também em reduzir a propagação. Não podemos permitir que esse vírus se espalhe em um nível tão intenso”, alertou.