Boas vindas ao Portal Grabois, conheça nossa marca
Boas vindas ao Portal Grabois, conheça nossa marca
O que você está procurando?

Observatório Internacional: Comunistas lançam Yolanda Díaz para governo da Espanha

22 de maio de 2023

Eleições legislativas que determinarão novo primeiro-ministro do país ocorrerão em dezembro. Militante do Partido Comunista da Espanha (PCE), Yolanda Díaz é atualmente ministra do Trabalho e segunda vice-presidente do governo de Pedro Sanchez (PSOE).

Por Theófilo Rodrigues

Após quatro anos de participação no governo do primeiro-ministro socialdemocrata Pedro Sánchez (PSOE), o Partido Comunista da Espanha (PCE) se prepara para um novo salto político em dezembro deste ano. A militante do PCE Yolanda Díaz, que é a atual ministra do Trabalho e segunda vice-presidente do governo de Pedro Sánchez, lançou sua candidatura para o governo por meio da plataforma Somar.

Somar é uma aliança política que reúne diferentes partidos como a Esquerda Unida – Esquerda Unida é o agrupamento liderado pelo PCE -, os Comuns catalães, o Compromis valenciano, o Más Madrid, o Verdes Equo, Aliança Verde, Chunta Aragonesista, Projecto Drago, Iniciativa do Povo Andaluz, Batzarre e o Movimento pela Dignidade e a Cidadania de Ceuta. Ou seja, com a exceção do Podemos, todo o campo à esquerda do PSOE está na plataforma Somar liderada por Yolanda Díaz.

A iniciativa Somar revela uma reorganização das forças políticas de esquerda no país. Nos últimos anos, a principal aliança à esquerda do PSOE foi a coligação Unidas Podemos formada pelo encontro entre o Podemos e a Esquerda Unida. Foi essa coligação Unidas Podemos que apoiou o PSOE e deu maioria parlamentar e sustentação ao governo de Pedro Sánchez em 2020. Assim, por meio da Unidas Podemos foram indicados ao ministério de Sánchez nomes como Pablo Iglesias (Podemos), Alberto Garzón (Esquerda Unida/PCE) e Yolanda Díaz (Esquerda Unida/PCE).

Quando Pablo Iglesias renunciou ao seu cargo de vice-presidente para disputar a eleição de Madri em 2021, quem assumiu seu posto foi Yolanda Díaz. A partir de então, a militante comunista se tornou a mais popular liderança do governo de Sánchez.

Agora, com novo potencial político, a Esquerda Unida acredita que pode disputar a sucessão de Sánchez em dezembro com uma cara própria articulada em torno da plataforma Somar. De acordo com sondagem realizada pelo Centro de Investigações Sociológicas, a simpatia do eleitorado espanhol por Díaz hoje já é maior do que por Sánchez. E mesmo apenas entre o eleitorado do PSOE, a popularidade dos dois hoje é a mesma.

O Podemos, no entanto, não aceitou bem ver seu protagonismo ser superado pelo da Esquerda Unida. Também não contribuiu para isso a participação no Somar do partido Mais País, liderado por Íñigo Errejón, antigo membro do Podemos que rompeu com o partido em 2019. Mas não é nada que não possa ser resolvido.

Até dezembro restam pouco mais de 6 meses. Tempo suficiente para que Yolanda Díaz consiga articular a entrada do Podemos no Somar e potencializar sua candidatura para assumir o governo do país. Mais do que ser a primeira mulher a governar a Espanha na história, sua vitória poderá representar a primeira eleição de uma militante do Partido Comunista eleita na democracia liberal como chefe de um governo na Europa.

Theófilo Rodrigues é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UCAM. É membro do Grupo de Pesquisa sobre Transformação Ecológica e Diversificação Energética da Fundação Maurício Grabois.

Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG.