Ricardo Alemão Abreu apresenta o Observatório Internacional da FMG
Em entrevista para o Portal da FMG, Ricardo Alemão Abreu, diretor de Temas Internacionais e Cooperação Internacional da Fundação Maurício Grabois, apresenta os objetivos do Observatório Internacional.
Alemão, a mais recente experiência da Fundação Maurício Grabois foi a criação dos Grupos de Acompanhamento e Pesquisa (GPs). Pode nos contar um pouco sobre o GP – Observatório Internacional, que está sob sua coordenação?
O Observatório Internacional da Grabois tem dois objetivos: o primeiro é o acompanhamento da conjuntura internacional, mediante a síntese e a análise dos principais fatos da situação internacional; e o segundo é a pesquisa sobre três eixos temáticos, quais sejam, a nova configuração geopolítica internacional, a integração da América do Sul e da América Latina e Caribe e a inserção internacional do Brasil e a política externa brasileira.
O trabalho será realizado por pesquisadores e especialistas permanentes e convidados. As pesquisas serão realizadas mediante trabalho e direção coletivas, e com responsabilidades individuais, de coordenação, de pesquisa, de redação, de tradução, etc. Será organizado um cadastro de pesquisadores e especialistas, brasileiros e de outros países.
Os(as) pesquisadores e especialistas do Observatório Internacional serão organizados por projeto. Os eixos temáticos são a referência para projetos que serão desenvolvidos, de acordo com um plano de trabalho bienal. Os projetos podem produzir textos políticos e teóricos inéditos, resenhas, realizar e sistematizar seminários, ou ainda oferecer acesso a elaborações de outras instituições e pesquisadores, nacionais e internacionais mediante tradução, por exemplo.
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Um tema importante que está no radar do GP é o do avanço da extrema-direita no mundo. Quais autores da teoria marxista são adotados pelos pesquisadores do GP para essa interpretação?
Esse tema do avanço da extrema direita no mundo é um dos temas mais discutidos na atualidade, e é o tema principal de um dos Grupos de Pesquisa da Grabois. Considero fundamental revisitar autores marxistas que analisaram o fascismo do século XX e teorizaram sobre o fascismo como Antonio Gramsci, George Dimitrov, Josef Stálin, Palmiro Togliatti, Nicos Poulantzas, assim como autores que estão publicando sobre o neofascismo do século XXI, a exemplo de Armando Boito, que tem analisado o bolsonarismo.
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Além desse tema, quais outros você considera importante para a agenda do GP?
O primeiro projeto de pesquisa do Observatório Internacional da Grabois, já em andamento, é um estudo sobre o Brasil, a América do Sul, e a proposta chinesa da Iniciativa da Rota e Cinturão. Esse é um dos mais relevantes temas do momento, e esperamos dar a nossa contribuição para esse debate.
Uma das tarefas dos GPs é contribuir com a formulação do novo programa do PCdoB que será aprovado no ano que vem, no 16º. Congresso. O que você imagina que haverá de novidade nesse novo programa?
Considero muito importante a elaboração de subsídios para a atualização do Programa do PCdoB, essa é umas das atribuições da Fundação Maurício Grabois. O Programa é de 2009, e houve alterações significativas na situação brasileira e mundial nesse período de 15 anos, daí a necessidade de atualização do Programa do PCdoB.
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