As Lições das Revoluções no Século das Transições Capitalistas e do início da construção do Socialismo – Parte 3
Nesta terceira parte, a série examina como a vitória soviética na Guerra Civil consolidou o “Estado Invencível” e redefiniu o equilíbrio mundial, inspirando gerações de revolucionários. A resistência do povo russo e a construção do novo poder socialista projetaram um modelo que influenciaria Luís Carlos Prestes, a Coluna Invencível e as lutas antifascistas no Brasil e no mundo.
Perdeu alguma das partes anteriores? Confira os textos já publicados:
- Parte I – Nascimento do socialismo e a contrarrevolução fascista
- Parte II – O dólar, o medo do comunismo e o erro britânico
A surpresa com a resistência e a construção do “Estado Invencível”
A vitória dos bolcheviques na Guerra Civil e a consolidação do Estado Soviético foram um enorme choque. A pergunta “como um punhado de operários e camponeses pode ser um governo invencível?” foi respondida pela prática.
A resposta não estava nos indivíduos, mas na nova forma de organização do Estado, que, apesar das enormes dificuldades, mobilizou as massas de uma forma que os Estados capitalistas não conseguiam compreender.
- Winston Churchill (novamente, já reconhecendo a resistência):
Apesar de seu ódio, Churchill foi forçado a admitir a tenacidade dos bolcheviques. Sobre Lênin, ele disse, com uma mistura de raiva e admiração:
“Seu espírito era invencível. Ele foi o grão-de-areia no mecanismo do mundo capitalista. Ele luta. Ele sempre luta. E a Rússia luta com ele.”
Essa citação mostra a transição da visão de um “punhado” para a de uma nação inteira mobilizada por uma causa – por mais que Churchill detestasse essa causa.
- A citação que sintetiza o medo (atribuída a vários industriais):
Uma frase que circulava nos círculos capitalistas e que sintetiza perfeitamente o pânico de classe era:
“O perigo real do comunismo não é que eles possam nos vencer pela força das armas, mas que eles nos ofereçam um espelho no qual nosso próprio sistema não consegue se olhar.”
A URSS, com seus cinco planos quinquenais, com o pleno emprego garantido pelo Estado, e os avanços sociais em educação e saúde, criava uma alternativa visível que pressionava as classes dominantes nos países capitalistas a fazerem concessões (como o New Deal nos EUA e o Estado de Bem-Estar Social na Europa) para evitar que seus próprios trabalhadores se voltassem para a esquerda radical.
- Sem a burguesia, a economia entraria em colapso. (A URSS se industrializou de forma acelerada.)
- O povo não aceitaria a disciplina de um Estado proletário. (O povo russo suportou enormes sacrifícios na Guerra Civil e na Segunda Guerra Mundial – e venceu!)
- Era apenas “uma passeata” que seria dissipada pela força militar. (A intervenção estrangeira foi derrotada.)
A existência da URSS provou que um governo de operários e camponeses não só era possível, como podia se tornar uma superpotência capaz de derrotar a maior máquina de guerra da história (a Alemanha nazista) e desafiar a hegemonia global do capital por décadas. Essa possibilidade era, e ainda é para a burguesia, totalmente inaceitável, pois nega a própria premissa de sua dominação de classe. Daí a virulência do anticomunismo, que vai muito além de uma mera discordância política e se torna uma luta pela sobrevivência de todo um sistema de exploração.
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O período entre guerras assistiu à crise terminal do capitalismo “liberal-laissez-faire”, acirrada pela Grande Depressão de 1929, propiciou a guerra mais sangrenta da humanidade – a Segunda Grande Guerra Mundial. Ao modelo de Estado liberal, que mostrou-se falido, a resposta capitalista foi uma transição para um “capitalismo monopolista e imperialista”, cada vez mais truculento e fascista, violento, belicista e selvagem. Fez surgir a construção de uma poderosa indústria bélica para lutar pela repartição do mundo e com a bomba atômica, fez seu uso sobre populações civis, sob pretexto de terminar com a guerra mais rápido. A realidade histórica deste século viu surgir décadas de guerras imperialistas e de luta pela libertação das Nações do domínio do decadente imperialismo capitalista.
É neste contexto histórico e geopolítico que precisa ser analisada a trajetória da Coluna Invencível e de Luís Carlos Prestes.
Luís Carlos Prestes (1898-1990) não foi apenas um personagem da história brasileira; ele foi um símbolo, um catalisador de ideais e um reflexo dos turbulentos e transformadores conflitos do século XX. Sua trajetória, desde a liderança de uma marcha épica até a adesão ao comunismo, se entrelaça profundamente com as grandes fases de transição do sistema capitalista global, oferecendo, ainda hoje, ricos ensinamentos sobre as lutas políticas, ideológicas e a complexidade da mudança social. Condicionada pelo surgimento da primeira experiência socialista, seus heróicos acertos e suas ainda insuficientes formulações teóricas. Teorias e práticas que foram se desenvolvendo e aprofundando, e que são imprescindíveis para os dias de hoje.

Comando da Coluna Prestes. Luís Carlos Prestes é o terceiro sentado, da esquerda para a direita. Crédito: Autor desconhecido – Hemeroteca digital, Revista Careta, ed. 978, p. 20, Rio de Janeiro, 19/03/1927, Domínio público, via wikimedia.
Luís Carlos Prestes: o Engenheiro dos Novos Tempos
Revolucionário, militar, político, Luís Carlos Prestes foi um grande engenheiro. Formado pela Escola Militar do Realengo, ele não apenas dominava a técnica de calcular estruturas e projetar estradas, mas dedicou sua vida a uma missão muito mais ambiciosa: elaborar e construir os alicerces de um novo Brasil. Sua trajetória é a de um engenheiro de almas, de ideias e de um projeto de nação, cujos planos, embora datados, contêm insights preciosos para os “novos tempos” que enfrentamos hoje.
O projeto da Coluna: a obra-prima da engenharia política de Prestes
A Coluna Prestes foi sua primeira grande obra de engenharia social e militar. Não se tratava de um exército convencional, mas de uma máquina de propaganda móvel, meticulosamente planejada.
- Cálculo estratégico: Prestes calculou rotas, avaliou terrenos e recursos com a precisão de um engenheiro estrategista militar. A Coluna evitou confrontos diretos que não pudesse vencer, priorizando a mobilidade e a sobrevivência.
- Alicerce moral: o “Cavaleiro da Esperança” ergueu, tijolo por tijolo, uma estrutura de integridade e propósito. Enquanto as tropas governistas saqueavam, a Coluna pagava por provisões. Esse rigor ético não era um detalhe; era o cimento que mantinha unida a sua frágil construção.
- A finalidade da obra: o objetivo não era apenas derrotar o inimigo, mas sondar o terreno do país real. A Coluna mapeou as fissuras do Brasil oligárquico, a miséria do sertão e a exploração dos trabalhadores. Foi a maior pesquisa de campo já realizada para um futuro projeto de transformação nacional.
A Coluna Prestes (1925-1927)
Nascido no seio de uma família militar, Prestes liderou a famosa Coluna Invencível, uma marcha de mais de 25.000 km pelo interior do Brasil para combater as oligarquias da República Velha e o coronelismo. Este movimento foi típico do tenentismo, uma corrente reformista e moralizadora das Forças Armadas, que buscava modernizar o país, mas sem um projeto revolucionário claramente definido. Era um grito contra o capitalismo agrário, exportador e oligárquico — um sistema arcaico que começava a ruir. Essa experiência brasileira serviu de inspiração para a Grande Marcha da China, liderada por Mao Tsé-Tung.
O Brasil nunca foi um país imperialista, ao contrário, sempre foi vítima e alvo da cobiça das burguesias imperialistas, que disputam entre si por sua hegemonia no mundo.
Leia mais: Os comunistas, Prestes e o tenentismo
Assim registra o CPDOC da FGV o período de preparação dos revolucionários em luta contra o ascenso do fascismo no mundo no século passado e sua consequente ação no Brasil:
Em 1934, diante da ascensão do fascismo na Europa, iniciou-se em Moscou uma série de discussões em torno da possibilidade de formação de uma frente popular internacional destinada a frear a expansão nazi-fascista. A discussão sobre a formação de frentes populares na Europa teve início na Espanha, em 1931, e na França, sobretudo quando se firmou o pacto entre o Partido Comunista Francês e a Section Française de l’Internationale Ouvrière (SFIO), em julho de 1934, o que determinou a formulação de uma nova estratégia de ação por parte dos dirigentes da Internacional Comunista. Também no Brasil intensificaram-se ao longo de 1934 as campanhas contra a guerra e o fascismo, surgindo em todo o país frentes antifascistas que propiciaram a aproximação entre os socialistas, os comunistas e os tenentes insatisfeitos com os rumos da Revolução de 1930.
Em Moscou, travou-se um debate dentro da Internacional Comunista entre Georgi Dimitrov e Dmitri Manuilski sobre a formação de frentes populares. A posição defendida por Dimitrov encontrava resistências por parte de Manuilski. Enquanto o primeiro defendia a extensão global das frentes populares, o segundo era favorável, em determinados países, à insurreição armada e à tomada do poder pelas forças populares sob a chefia dos partidos comunistas.
Em outubro de 1934 realizou-se na capital soviética uma reunião preparatória do VII Congresso da Internacional Comunista. Essa reunião teve lugar devido à transferência do Congresso para o ano seguinte. Como os representantes latino-americanos não tiveram tempo de ser avisados da mudança, a Internacional Comunista decidiu organizar uma reunião com os representantes que lá se encontravam. Participaram do encontro, entre outros, Dimitrov, Manuilski, Klement Gottwald, Otto Kuusineu, Wilhelm Pieck, Vasil Koralov, Palmiro Togliatti, Ho Chi Minh, Maurice Thorez, Raymond Guyot, Van Min, e os representantes latino-americanos Antônio Maciel Bonfim (“Miranda”), José Caetano Machado (“Alencar”) um dos principais responsáveis pelos levantes no Recife em 1935, Elias Reginaldo da Silva ( “Sousa” ou “André”), Valdevino de Oliveira ( “Marquez”, “Divino”, “Loureiro” ou “Barbosa”), Lauro Reginaldo da Rocha (o Bangu) — todos do Brasil do Comitê Central. Vittorio Codovilla e Rodolfo Ghioldi, da Argentina, e Eudosio Ravines, do Peru, além de delegados do Uruguai, Paraguai, Bolívia e México. Durante a reunião a tática de frentes populares contra o fascismo foi discutida, não se obtendo uma unanimidade.
Vivendo em Moscou, Prestes acompanhava de perto os debates que se vinham travando em torno da nova orientação a ser dada aos partidos comunistas. Teve contato com os participantes da reunião preparatória e com ele discutiu, mostrando-se contrário à proposta de Dimitrov de extensão a todos os países da tática de frentes populares, apoiada por Ravines e pelos representantes do Chile. Ao final da reunião preparatória e diante das divergências de posições quanto à orientação a ser seguida pelos partidos comunistas latino-americanos, ficou decidido que seria feita uma experiência de frente popular no Chile, onde as condições eram favoráveis, enquanto no Brasil seria preparada uma revolução armada. Essa orientação foi dada pela Internacional Comunista levando em conta os informes apresentados pelos dirigentes comunistas brasileiros de que no Brasil já estavam criadas as condições para o sucesso de um movimento armado. A Luís Carlos Prestes foi confiada a responsabilidade de preparar a revolução, pois seu nome continuava a ser lembrado como o grande líder revolucionário, o Cavaleiro da Esperança.
Prestes embarcou de volta ao Brasil no dia 29 de dezembro de 1934 para preparar a revolta armada, tendo a Internacional Comunista enviado para assessorá-lo o alemão Arthur Ernst Ewert, conhecido como Harry Berger, o argentino Rodolfo Ghioldi, o belga Jules Léon Vallée, o norte-americano Victor Alen Barron e o ucraniano Pavel Stuchevski. Em janeiro de 1935 surgiram as primeiras notícias de formação da Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização política de âmbito nacional liderada pelo PCB e fundada oficialmente em 12 de março de 1935. A ANL constituiu-se em uma ampla frente da qual participaram socialistas, comunistas, católicos e democratas, todos unidos em torno da luta contra o fascismo, o imperialismo, o latifúndio e as leis de opressão às liberdades democráticas. O jornal A Manhã lançado em 26 de abril, seria seu órgão de divulgação.
Prestes chegou ao Brasil em abril de 1935 com identidade de Antônio Vilar, cidadão português que tinha como esposa Maria Bergner Vilar. Na realidade, sua mulher chamava-se Olga Benário, era alemã, pertencia ao Partido Comunista Alemão e vivia em Moscou. Durante a viagem para o Brasil tornaram-se marido e mulher. Prestes permaneceu na clandestinidade e, durante esse período, só manteve contatos com Miranda, Berger e Rodolfo Ghioldi. Com os dirigentes da ANL comunicava-se através de cartas.
Durante o lançamento público da ANL, no dia 30 de março de 1935, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, o então estudante de direito Carlos Lacerda sugeriu o nome de Prestes para presidente de honra da organização, proposta essa que foi aprovada por aclamação. Lançado no Rio de Janeiro, o movimento aliancista rapidamente se irradiou para outros estados, desenvolvendo-se através de manifestações de rua, comemorações cívicas, do Congresso Nacional, dos sindicatos e quartéis. As análises feitas pelos aliancistas sobre a conjuntura brasileira supunham o agravamento da crise do capitalismo mundial, o que acarretaria internamente a queda do consumo externo e interno, com a subseqüente criação de desemprego e baixa dos salários, superprodução de café e queda na quantidade e no valor das exportações, além do aumento considerável da dívida externa. Previam ainda para o ano de 1935 uma queda vertiginosa do nível de vida do povo e uma grande crise econômico-social, prefigurando também a chegada ao poder de um governo popular revolucionário, democrático-burguês, antiimperialista, que prepararia a etapa seguinte, a do regime socialista.
Em seu manifesto de 5 de julho de 1935, aniversário da primeira revolta tenentista no forte de Copacabana, Prestes afirmou que “a situação é de guerra e cada um precisa ocupar o seu posto”. As massas devem “organizar a defesa de suas reuniões e preparar-se ativamente para o momento do assalto”. Acrescentava ainda que a “idéia do assalto amadureceu na consciência das grandes massas. Cabe ao seu chefe organizá-las e dirigi-las”. Encerrava o documento com as palavras de ordem: “Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular nacional revolucionário! Todo o poder à ANL!”.
Em conseqüência da radicalização da ANL com o manifesto de Prestes, o governo aplicou a Lei de Segurança Nacional para fechar a organização em 11 de julho de 1935. Após o fechamento, a ANL passou a funcionar na clandestinidade e os comunistas, liderados por Prestes, iniciaram os preparativos para o movimento revolucionário que previa, em uma primeira etapa, a instalação de um governo nacional revolucionário sob a chefia de Prestes. Numa segunda etapa seria organizado o governo soviético dos operários e camponeses. O movimento seria iniciado com levantes militares em várias regiões e deveria contar com o apoio da massa proletária que desencadearia greves em todo o país.
Em agosto de 1935, durante o sétimo e último congresso da Internacional Comunista, realizado em Moscou, Fernando Lacerda apresentou um relatório sobre a situação política brasileira e a ação da ANL, indicando as possibilidades de sucesso de uma revolução popular no país. Também Caetano Machado e Antônio Maciel Bonfim, secretário-geral do PCB, haviam enviado relatórios nos quais mostravam que a situação interna do Brasil era propícia a uma revolta popular. Na mesma reunião, embora ausente, Prestes foi eleito membro do comitê executivo da Internacional Comunista ao lado, entre outros, de Stalin, Manuilski, Dimitrov, Thorez, Togliatti, Mao Tsé-Tung, Dolores Ibarruri e Bela Kun.
O PCB ordenara os chefes revolucionários que aguardassem o sinal para o início do movimento armado. Entretanto, a eclosão do movimento em Natal foi antecipada, ou por falsas informações ou por precipitação, o que permitiu ao governo central o controle imediato da situação quando o movimento irrompeu em outros estados. Em Natal, o movimento foi deflagrado a 23 de novembro de 1935 com o levante e a tomada do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC). No dia seguinte eclodiu em Pernambuco, com a sublevação do 29º BC, sediado em Socorro, cujos homens imediatamente marcharam em direção a Recife. Em 25 de novembro a revolta em Recife foi sufocada, o mesmo ocorrendo em Natal, no dia 27.
No dia 25 de novembro o governo central enviou ao Congresso um pedido de autorização para declarar estado de sítio em todo o território nacional pelo prazo de um mês. Nesse mesmo dia Prestes, Arthur Ernst Ewert, Antônio Maciel Bonfim e Rodolfo Ghioldi se reuniram e decidiram deflagrar o movimento armado em outras unidades militares do então Distrito Federal, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e do estado do Rio de Janeiro, após a meia-noite de 26 para 27 de novembro. Mas o plano dos chefes revolucionários falhou e o levante só foi deflagrado no 3º Regimento de Infantaria (3º RI), localizado na Praia Vermelha, e na Escola de Aviação Militar do Campo dos Afonsos. O comandante da 1ª Região Militar (1ª RM), Eurico Gaspar Dutra, mobilizou rapidamente sua tropa contra os revoltosos. O quartel da Praia Vermelha foi bombardeado por canhões de Marinha de Guerra e pela aviação, obrigando os revoltosos a se renderem por volta do meio-dia de 27 de novembro.
A Revolta Comunista, rapidamente sufocada, desencadeou violenta reação por parte do governo. Foram feitas milhares de prisões não somente de comunistas líderes do movimento, como também de simpatizantes e integrantes da ANL não-comunistas, de trotskistas, anarquistas e socialistas. O movimento armado serviu de pretexto para a concentração de um maior poder nas mãos do governo central e, daí em diante, tiveram início os preparativos para o golpe de 1937 e a instalação do Estado Novo. Também a partir de então, todos os anos as forças armadas passaram a promover uma solenidade para relembrar a chamada Intentona Comunista, como ficou conhecido o levante, para alertar a população contra o perigo que representa o comunismo.
No dia 5 de março de 1936, Prestes foi preso, juntamente com Olga Benário, numa casa à rua Honório nº 279, no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro. Levado para a Polícia Especial, negou-se a prestar quaisquer esclarecimentos e informações, limitando-se a dizer que assumia inteira responsabilidade pelo manifesto de sua autoria, lido em 5 de julho de 1935 durante uma reunião realizada pela ANL. Entretanto, a polícia apreendeu em sua casa documentos que serviram para incriminá-lo e a seus companheiros. Em setembro do mesmo ano, Olga Benário, em adiantado estado de gravidez, foi entregue a agentes do governo nazista alemão. A filha do casal, Anita, nasceu na prisão, na Alemanha, em 27 de novembro seguinte e, após grande campanha desencadeada pela mãe de Prestes, foi entregue à avó. Olga Benário viria a falecer numa câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942.
(Fonte: Atlas Histórico do Brasil, FGV)
Exilado, Prestes entrou em contato com a União Soviética e filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Este foi o período de sua formação teórica do Marxismo Leninismo. Seu ingresso ao Partido colocou os comunistas, do recém fundado partido, no cenário da luta política nacional com força. Foi eleito presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente ampla antifascista e antiimperialista. O levante Comunista de 1935 e seus nove anos de prisão durante o Estado Novo de Vargas marcaram esta fase. Prestes vivia sob a égide da Internacional Comunista (Comintern), período de grandes revoluções sociais, em que os comunistas ainda buscavam romper o cerco imperialista, ante sala da ascensão do nazi fascismo que exigiu um aprofundamento teórico sobre a importância da questão Nacional, formulada por Stalin e que influenciou a decisão de alterar a aliança com Getúlio Vargas para seguir a luta no Brasil.
Adesão ao comunismo e a fundação da ANL, Aliança Nacional Libertadora (décadas de 1930 a 1945)
Exilado, Prestes entrou em contato com a União Soviética e filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Este foi o período de sua formação teórica no marxismo-leninismo. Seu ingresso no Partido colocou os comunistas, do recém-fundado partido, no cenário da luta política nacional com força. Foi eleito presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente ampla antifascista e anti-imperialista. O levante comunista de 1935 e seus nove anos de prisão durante o Estado Novo de Vargas marcaram esta fase. Prestes vivia sob a égide da Internacional Comunista (Comintern), em um período de grandes revoluções sociais, em que os comunistas ainda buscavam romper o cerco imperialista — antecâmara da ascensão do nazi-fascismo —, o que exigiu um aprofundamento teórico sobre a importância da questão nacional, formulada por Stalin e que influenciou a decisão de alterar a aliança com Getúlio Vargas para seguir a luta no Brasil.
Este artigo faz parte da série As Lições das Revoluções no Século das Transições Capitalistas e do início da construção do Socialismo, publicada em 4 capítulos. Perdeu alguma das partes anteriores? Confira os textos já publicados
Miguel Manso é pesquisador do Grupo de Pesquisa sobre Desenvolvimento Nacional e Socialismo da Fundação Maurício Grabois. Engenheiro eletrônico formado pela USP, com especialização em Telecomunicações pela Unicamp e em Inteligência Artificial pela UFV, é diretor de Políticas Públicas da EngD – Engenharia pela Democracia.