Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Aos quinze anos, tudo é infinito

    Homenagem ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé revisita a história e analisa seu papel na formação crítica, nas lutas por direitos digitais e papel decisivo na democratização da comunicação do país

    POR: Theófilo Rodrigues

    4 min de leitura

    Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Imagem: Reprodução/Facebook
    Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Imagem: Reprodução/Facebook

    Neste ano de 2025, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé completou 15 anos de história. O Barão, como é carinhosamente conhecido, nasceu em 2010, em um momento de profundas disputas políticas em torno da comunicação no Brasil. Era um período em que as redes sociais ainda engatinhavam como espaços de debate público, e a forte concentração dos meios tradicionais limitava o pluralismo informativo. Nesse cenário, o Barão surgiu como uma iniciativa ousada: produzir formação crítica, articular movimentos sociais e defender a democratização da comunicação como pilar essencial da democracia brasileira.

    Ao longo desses quinze anos, o Barão consolidou-se como referência na luta por uma mídia mais diversa, transparente e comprometida com o interesse público. Seminários, cursos, publicações e articulações políticas tornaram a entidade um ponto de convergência para pesquisadores, militantes e comunicadores de todo o país. Lutas como as do Marco Civil da Internet, do Projeto de Lei da Mídia Democrática, do Plano Nacional de Banda Larga e do PL das Fake News, entre outras, tiveram a digital do Barão em suas formulações.

    Leia também:

    Livro propõe princípios constitucionais para controlar o poder algorítmico no Brasil

    Meta e Trump: nova aliança digital ameaça democracia Global

    Combate às fake news é censura ou defesa da democracia? Resposta à falácia de Pondé

    Esse percurso também foi marcado por uma atuação pedagógica permanente. A entidade investiu em formação política e midiática, ajudando a qualificar agentes sociais para compreender e enfrentar a desinformação, as manipulações narrativas e os ataques à imprensa independente. Diversos livros foram publicados pelo selo editorial do Barão, como Blogueir@s, uni-vos! (2014), Direitos negados (2015), Mídia e democracia nas Américas (2016), A mídia descontrolada (2018) e Democratizar a comunicação (2021), entre tantos outros.

    Além disso, o Barão ajudou a formar personagens decisivos na luta pela democratização da comunicação no Brasil, como Renata Mielli, que hoje coordena o Comitê Gestor da Internet (CGI.br), e Ergon Cugler, que atua no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS/Conselhão) da Presidência da República.

    Há, nesse caminho, uma afinidade espirituosa entre os dois personagens que dão nome e alma ao projeto: Aparício Torelly, o irreverente Barão de Itararé, e Altamiro Borges, idealizador e presidente do Centro. Ambos cultivam a crítica ao poder aliada ao humor, desmontando pretensões autoritárias com ironia precisa. Torelly o fazia com tiradas que atravessaram gerações; Miro o faz por meio de análises afiadas e da escrita mordaz que caracteriza o trabalho do Barão. Do encontro simbólico entre esses dois estilos nasce uma tradição política singular: a crítica séria que não abandona o riso como ferramenta.

    Relembre:

    Governo federal ainda não entendeu a importância da comunicação

    Regulação de big techs é o grande tema do Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB

    A Charge Política

    Por isso o título “Aos quinze anos, tudo é infinito”, retirado de Dom Casmurro, de Machado de Assis, cabe tão bem nesta celebração. A frase capta a vitalidade de quem conserva o frescor das primeiras lutas e a sensação de que o horizonte permanece aberto. Aos quinze anos, o Barão não é uma instituição velha, mas sim uma instituição jovem com história, que olha para o futuro com a intensidade de quem vê possibilidades ilimitadas. A esperança pela democratização da comunicação segue, como deve ser, infinita.

    Theófilo Rodrigues é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UCAM e coordenador do Grupo de Pesquisa da FMG sobre a Sociedade Brasileira.

    Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.

    Notícias Relacionadas