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    Comunicação

    Saudade tem gosto de melancia

    A melancia hoje tinha sabor de saudade O pão, a nata, a geléia de goiaba Até as cadeiras e a mesa que não balançou para derrubar meu leite da xícara Tudo, absolutamente tudo, tem gosto, jeito e cheiro de saudade Mas uma saudade gostosa, sem angústia ou ansiedade Recheada de sorrisos que rolam e se […]

    POR: Brasigóis Felicio

    A melancia hoje tinha sabor de saudade
    O pão, a nata, a geléia de goiaba
    Até as cadeiras e a mesa que não balançou para derrubar meu leite da xícara
    Tudo, absolutamente tudo, tem gosto, jeito e cheiro de saudade

    Mas uma saudade gostosa, sem angústia ou ansiedade
    Recheada de sorrisos que rolam e se espreguiçam sobre as lembranças
    Uma saudade que não carrega a tristeza da distância, mas a cumplicidade do encontro

    Que se regojiza ouvindo músicas, lendo poemas, vendo fotos, provando sabores familiares
    E que até em novas experiências de sabores, sons e cores encontra espaço para lembranças

    Entretanto, por mais deliciosa que seja essa minha saudade,
    Ainda é saudade…!
    E por isso carrega em si a contradição de ser ao mesmo tempo alegre e triste

    Por isso, depois que enviar todas as suas músicas
    Depois de lhe enviar todos os meus poemas
    Depois de ver e rever repetidas vezes todas as fotos,
    Venha ao meu encontro

    Pegue carona nos meus sonhos ou numa nuvem passageira
    Venha pelo leito de um rio, ou de um riso
    Mas venha

    Pois a xícara de leite não derramado,
    o som da água que milagrosamente cai do alto das pedras,
    e a minha cumplicidade,
    Já estão com saudade 

     Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.

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