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    Cultura

    Cultura: Um ano para o cinema brasileiro comemorar!

    O cineasta Vandré Fernandes avalia os bons números do cinema brasileiro em 2024. Foto: Agência Brasil.

    O ano de 2024 está terminando e o cinema brasileiro tem alguns bons motivos para comemorar.

    O primeiro é a diversidade de filmes que chegaram aos espectadores, tanto na telona como nos streamings; o segundo é que o público brasileiro mais do que dobrou para ver os filmes nacionais nas salas de cinema em comparação a 2023. Além disso, aconteceu um feito inédito na plataforma Telecine: dos 10 filmes mais assistidos, 7 são brasileiros, sendo que o primeiro lugar ficou com “Minha irmã e eu”, estrelado por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck.

    Foi também com “Minha irmã e eu”, dirigido por Suzana Garcia (Minha Vida em Marte e Minha Mãe é uma Peça 3), que o ano começou ultrapassando a marca de mais de 1 milhão de espectadores nas salas de cinemas. O longa estreou no finalzinho de dezembro e, em três semanas, arrastou o público, ficando atrás apenas do blockbuster Aquaman.

    E se lotar é algo muito importante para o cinema brasileiro, no decorrer do ano, a comédia “Farofeiros 2”, de Roberto Santucci, e o filme religioso “Nosso Lar 2”, de Wagner de Assis, também ultrapassaram com folga a marca de 1 milhão de espectadores. Agora, no final do ano, o drama “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, se tornou o filme mais visto nas salas em 2024. Sem contar que ainda teremos um presente no dia 25 de dezembro, em pleno Natal, o tão esperado “O Auto da Compadecida 2”, de Guel Arraes.

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    Ou seja, das nossas maiores bilheterias, 2 comédias, um drama político e um drama religioso mostraram que o público se interessa por diversos gêneros e temas, desmistificando aquela falsa afirmação de que o Brasil está fadado apenas às comédias.

    Diversos Gêneros e Temas

    Mas não é só de grandes plateias que vive o cinema, ainda mais em um país com o tamanho do Brasil. Foi conferido na telona animação, terror, suspense, comédia romântica, ação, mostrando que a nossa produção tem se diversificado e falado com nichos.

    Foi uma produção frenética, com uma infinidade de títulos que estrearam em diversas salas, graças à política de cotas, que, diga-se de passagem, demorou para o governo bater o martelo.

    Mas vale registrar alguns filmes excelentes que fizeram público, embora de maneira mais modesta, tais como “Malu”, de Pedro Freire, que traz uma das melhores atuações do ano com a atriz Yara de Novaes; “Mais pesado que céu” de Petrus Cariry; “Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert; “Grandes Sertões”, de Guel Arraes; e a animação “Arca de Nóe”, de Sergio Machado e Alos di Leo.

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    Bem, são mais de 150 produções e nem temos salas para tudo isso, ainda mais quando o cinema estrangeiro domina a política de distribuição e exibição em nosso território. Por isso, alguns filmes saíram direto dos festivais para os streamings, como o “Maníaco do Parque”, de Maurício Eça; outros saíram quase simultâneos, como “Bandida: A número 1”, de João Weiner.

    Se, em 2023, duas séries brasileiras lideraram os streamings no mundo por um período, com “Cangaço Novo”, de Fábio Mendonça e Aly Muritiba e “DNA do Crime”, de Heitor Dália, em 2024, temos “Senna”, sobre o piloto brasileiro morto em 1994, e “Cidade de Deus: A luta não para”, de Aly Muritiba, uma grata surpresa, já que para muitos seria difícil seguir a trilha de sucesso do filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund, realizado em 2002.

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    Por fim, se temos muitos filmes, temos poucas salas, e pouca vontade dos donos das plataformas em exibir filmes brasileiros. A receita diz que temos potencial, mas não é só disso que vive uma indústria. É preciso de capital e fica difícil competir em pé de igualdade quando todo o investimento anual na produção de audiovisual do país equivale a um “Avatar”. Mesmo assim, seguimos!

    Que venha 2025 e quem sabe com um Óscar?! Afinal, por mais que seja apenas um prêmio do cinema estadunidense, certamente abriria as portas do mundo para o nosso cinema.

    Vandré Fernandes, cineasta. Dirigiu longas de documentários “Camponeses do Araguaia – A Guerrilha vista por dentro”; vencedor da Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul; Osvaldão; Histórias da Praia do Flamengo, 132; e do curta de ficção “O Bom Velhinho”.

    Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG.