A carta – capítulo 2
– Tá caro, seu Jorge! – Caro, o quê? Tá quase o preço do Ceasa, dona. – Na banca do João Antonio, o papaya tá mais em conta. – Mas ele tem papaya bonito assim
– Tá caro, seu Jorge! – Caro, o quê? Tá quase o preço do Ceasa, dona. – Na banca do João Antonio, o papaya tá mais em conta. – Mas ele tem papaya bonito assim
Dona Inácia chegou das compras cansada. Arriou a sacola no ladrilho da cozinha e, assoprando, dirigiu-se ao sofá da sala. Na mesinha de centro, um maço de contas e outras correspondências. Dentre elas, um envelope rosa, endereçado a
"POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA, OS MALES DO BRASIL SÃO." Vai daí que eu gosto muito daquela passagem em que o herói Macunaíma ao ver o tico-tico alimentando o chupim, pega num porrete e mata o passarinho
Verto olhos luzes avenidas SANGUE? – Concha y toro "Cuando el sudor de nieve fué llegando…" "Cuando la plaza se cubrió de yodo…" Bebi uma América de vulcões e palácios bombardeados
Amarildo, 65 anos, sentado na sacada de seu pequeno apartamento, queixo apoiado sobre as mãos no castão da bengala. Defronte seu prédio, a manhã despeja nas calçadas bandos de universitários. No edifício ao lado, canteiros e crianças. Na
I – De profundis Penetrar-te a carne ausente; lamber-te a ponta do seio – tenso, cálido, exposto –, enquanto a mão, peregrina, passeia campos vastos e fontes há muito conhecidas – o que pode mais pedir meu desejo? Romper-te
Bom dia! (…) Nunca responde mesmo. Saio atropelando a escuridão e… pisei na bosta (bosta de gente, talvez dissesse Itamar Assunção). Ehhhh, mas é sorte! Nunca ouviu não? Olha lá. Lá vem o entregador de pão com a bicicleta
Indagado por uma amiga sobre o amor, respondi-lhe que amar é um verbo irredutível. Ela não percebeu logo de saída o que eu quis dizer com aquilo. Nem eu mesmo soube o que responder além disso. Esse negócio
O bafo gélido da Antártida Tangeu a poluição do céu paulistano. Então, veio esse raro-azul, mais Belo que o manto de uma santa, Mais puro do que uma fita No cabelo de uma criança. O céu parece que se vestiu Com
No meio da balbúrdia, alguém sobe na cadeira e diz: "calem-se, agora falo eu, aqui da torre desta fortaleza". Todos se calam, e a cadeira não é mais a cadeira, um estatuto foi quebrado e outro erigido.