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    Colunas

    Preta
    Preta

    Era inaudível. Mas brilhava que quase iluminava o sol. Isso!: um meio-dia em minha vida, aquele sorriso e sua alegria. Quando, vez primeira, a meia-noite daquela pele penetrou aguda minhas narinas, vi-me, na sala cheia de lua, em campo

    Entre fato e vontade
    Entre fato e vontade

    Montes de saudades, coorte absurda de sentidos postos à prova – esse o caminho de quem antecipa manhãs e não vive cada aurora e seu tempo de felicidade? Pontes de lamento entre o ser presente e o projetar-se, os

    Depoimento em roteiro
    Depoimento em roteiro

          Ela estava em frente ao espelho retocando a maquiagem enquanto via-o deitado tentando ler no vazio o avesso da alma. Com calma, despede-se com um beijo.       Pelo corredor apertado sai de passo sobrepesado. Atrás dela, no quarto

    Conselho
    Conselho

    Penumbre o quarto e tudo assemelhar-se-á à dor. Contemple-a: de seu mar, profundo e estreito, surgirá tudo o que possa imitá-la: plantas aquáticas, ornitorrincos, mamíferos gigantes qual montanhas moventes; tigres de barbatanas e carne nos dentes – entes que

    Paisagem e gado de corte
    Paisagem e gado de corte

          Quando era tardezinha era a hora de reunir o gado. Não eram muitos. Uns vinham cabeceando contraditados, outros vinham mansos, mas, todos vinham e chegavam até onde se queria, mesmo que um querer fosse andar em roda sob

    Fragmento de um papo de comadres na periferia de São Paulo
    Fragmento de um papo de comadres na periferia de São Paulo

          – Vamo morrer hoje?       – Hoje?!       – É.       – Eu e você?       – É: eu e você mais os minino.       – Ah, hoje não. Deixe pra morrer amanhã.       – Olha que Noélia

    De coisas e pessoas
    De coisas e pessoas

          Luzes numerosas evidenciavam a cidade. Ruas, alamedas, prédios, casas de família e de prostituição iam se revelando a cada lâmpada acesa pela tarde que morria. Lá pelas oito, vista do alto da serra, o lugar era um bloco

    Ascensão e morte de uma velha senhora
    Ascensão e morte de uma velha senhora

          Estava sempre ali. Imóvel. Sentada perto do fogão. Passaram-se os carnavais, baixavam os canaviais e ela estava sempre ali, sentada, se apequenando.       Um dia lhe deram de presente um radio de válvulas que só funcionava duas vezes

    Uma avenida de jambos
    Uma avenida de jambos

    Uma coluna de pés de jambo: Cones verdes, projéteis apontados ao azul. A primavera e o outono, a um só tempo, sob as chuvas. No chão, as flores dissolvem-se como se fossem papel machê. Um batom borra de rosa-choque os

    Quem é o sujeito?
    Quem é o sujeito?

          Forcem a marcha, cerrem as fileiras, aumentem o contingente, que o delírio precisa subir a ladeira. A vida não pode continuar assim sob o comando da miséria e seu cortejo de mutilados. Vamos, andem, que o céu reclama