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Prosa@Poesia
Dois conselhos

Dois conselhos

I – o da História Leite que se derrama, não se chora: limpa-se ou lambe-se. E o chão, de cabeça para baixo, você o sustenta nas mãos.   II – o da Literatura Não chore o chão que te

Haicai

Haicai

rápido como raio o haicai cheio de luz

IpĂªs

IpĂªs

                                                                                                                              IPÊ AMARELO       Conheci os ipês na minha infância, numa fazenda de café no interior de São Paulo, Brasil. Extasiava-me aquelas árvores soberbas, vestidas de roxo, rosa, amarelo e branco. Conforme aprendi com os mais velhos, aquela era

A prostituta

A prostituta

Como uma dor repassada de paciência, ela é morena escura. A franja limita no olhar com uma leve cicatriz antiga. E uma cruz de ouro falso pende sobre o peito, sobre o forte lilás do vestido. Leva o liso

A flor

A flor

Acho, entre as folhas de um volume, Despetalada e murcha flor. E devaneio estranho assume Todo meu ser interior. Abriu-se onde? Em que primavera? E muito floresceu? E a mão Que a colheu amiga, ou não, era? E pô-la

Os poetas

Os poetas

Vejo-os na feira e são muitos. Cada qual a vender o seu pescado. Atrás do balcão, Lá estão, desajeitados. Para viver são obrigados ao que mais odeiam E menos sabem. O ofício é mais avaro. Os trabalhadores do mar

Dois quadros

Dois quadros

Na seca inclemente do nosso Nordeste, O sol é mais quente e o céu mais azul E o povo se achando sem pão e sem veste, Viaja à procura das terra do Sul. De nuvem no espaço, não há

o sabor da morte

o sabor da morte

      Os humanos andam buscando hábitos saudáveis. As estatísticas dizem: vivemos mais. A expectativa vital roça os oitenta anos. Embora os números não sejam revelados, contingentes enormes morrem todos os dias. Ali, um furacão; além, um terremoto; algures, um