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Prosa@Poesia
O dia em que Dudu atravessou a rua

O dia em que Dudu atravessou a rua

      Carros, motos, ônibus e caminhões avançavam, soltando fumaça pelas ventas, raivosos, buzinavam. Mas ele ziguezagueou e chegou ao outro lado inteiro. De cuecas, atravessou a avenida. Levava consigo uma fraldinha velha, quase um farrapo, a chupeta cor-de-rosa amarrada

CĂ¢ntico do CalvĂ¡rio

CĂ¢ntico do CalvĂ¡rio

À memória de meu filho, morto a 11 de dezembro de 1863. Eras na vida a pomba predileta Que sobre um mar de angústia conduzia O ramo da esperança. – Eras a estrela Que entre as névoas do inverno

A Queima dos Livros

A Queima dos Livros

Quando o Regime ordenou que queimassem em público Os livros de saber nocivo, e por toda a parte Os bois foram forçados a puxar carroças Carregadas de livros para a fogueira, um poeta Expulso, um dos melhores, ao estudar

Um herĂ³i do caralho

Um herĂ³i do caralho

      Nasceu o herói. Nasceu de geração espontânea, digo, nasceu de um rabisco à lápis, inspirado nas coxas da pesquisadora, debruçada sobre os livros na biblioteca. Ainda sem saber se era pássaro ou gente, o herói queria mesmo era

A nudez dos falocratas

A nudez dos falocratas

O homem freudiano respira mal: tem o peito trancado a sete chaves de angústia, e tem na alma muralhas de medo. Nas masmorras dos nervos trancou o cerne do Ser. O falocrata coloca o pênis em um altar, e

VocĂª, por mim

VocĂª, por mim

      Venha bem devagarzinho e sente aqui, com a cabeça bem virada pra mim, que é para eu saber dos teus olhos em mim. Que é para eu saber de ti. Porque quando tuas jabuticabas rolam para longe nem