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Prosa@Poesia
O Cemitério Marinho

O Cemitério Marinho

O CemitĂ©rio Marinho   Esse teto tranquilo, onde andam pombas, Palpita entre pinheiros, entre tĂºmulos. O meio-dia justo nele incende O mar, o mar recomeçando sempre. Oh, recompensa, apĂ³s um pensamento, Um longo olhar sobre a calma dos deuses!

Os Homens Ocos

Os Homens Ocos

Os Homens Ocos   NĂ³s somos os homens ocos Os homens empalhados Uns nos outros amparados O elmo cheio de nada. Ai de nĂ³s! Nossas vozes dessecadas, Quando juntos sussurramos, SĂ£o quietas e inexpressas Como o vento na relva

Chagas DĂ³ria

Chagas DĂ³ria

Chagas DĂ³ria   Picassos na parede branca E mais nada Sob o teto de caixões Mas na sacristia Uma imagem barbuda Arregalada de santidade Me esperava como uma criança de colo    Oswald de Andrade – caderno de poesia

Hotel

Hotel

Hotel   Na mesma cama em que outros se amaram com ternura ou rispidez ou tĂ©dio acordamos de madrugada   a luz azul da televisĂ£o  cortada volta e meia por errĂ¡ticos farĂ³is   os mariscos ferventados em suas conchas,

Ă€ Espera dos BĂ¡rbaros

Ă€ Espera dos BĂ¡rbaros

Ă€ Espera dos BĂ¡rbaros   O que esperamos na Ă¡gora reunidos?   É que os bĂ¡rbaros chegam hoje.   Por que tanta apatia no senado? Os senadores nĂ£o legislam mais?   É que os bĂ¡rbaros chegam hoje. Que leis

Velejando para BizĂ¢ncio

Velejando para BizĂ¢ncio

Velejando para BizĂ¢ncio   Aquela nĂ£o Ă© terra para velhos. Gente jovem, de braços dados, pĂ¡ssaros nas ramas — gerações de mortais — cantando alegremente, salmĂ£o no salto, atum no mar, brilho de escamas, peixe, ave ou carne glorificam

A Terra Desolada

A Terra Desolada

A Terra Desolada   Abril Ă© o mais cruel dos meses, germina Lilases da terra morta, mistura MemĂ³ria e desejo, aviva AgĂ´nicas raĂ­zes com a chuva da primavera. O inverno nos agasalhava, envolvendo A terra em neve deslembrada, nutrindo

DestĂªrro

DestĂªrro

DestĂªrro   Bom mesmo Ă© ter um mundo De que participem Laranjas e mĂ¡scaras. É andar pela noite AtrĂ¡s do jĂ¡ sabido E perder-se de espanto. Bom mesmo Ă© ter o dom Da sabida alegria, Ver sobre a pedra

Rapariga

Rapariga

Rapariga     Cresce comigo o boi com que me vĂ£o trocar Amarraram-me Ă s costas a tĂ¡bua Eylekessa   Filha de Tembo Organizo o milho   Trago nas pernas as pulseiras pesadas Dos dias que passaram…   Sou do

OS OLHOS DOS POBRES

OS OLHOS DOS POBRES

OS OLHOS DOS POBRES     Ah! VocĂª quer saber por que eu a odeio hoje. SerĂ¡, certamente, menos fĂ¡cil para vocĂª compreender do que  para mim, explicar; porque vocĂª Ă©, creio, o mais belo exemplo da impermeabilidade feminina