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O que sĂ£o os anos?

O que sĂ£o os anos?

O que é nossa inocência, nossa culpa? Frágeis, somos,         vulneráveis. E de onde vem a coragem: a pergunta sem resposta, a resoluta dúvida – muda chamando, surda ouvindo – que  no infortúnio, na morte mesmo,           encoraja outras

Radical livre

Radical livre

“Lá em cima do piano Tem um copo de veneno Quem bebeu morreu O azar foi seu” Lá em cima  de meu armário  (perto do céu e do coração) espera-me espreita-me numa fresta da festa meu paciente violão  …pleno

MarĂ­lia de Dirceu (1)

MarĂ­lia de Dirceu (1)

Lira I Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d' expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das

Meu admirĂ¡vel avĂ´

Meu admirĂ¡vel avĂ´

      Milão, meados da década de 30. Escola pública, classes separadas de meninos e meninas. Esse menino aqui entrando no ginásio, criando novas amizades, os professores indagando o perfil familiar de cada aluno, servindo-lhes, geralmente, para fazer uma apologia

O cronista ordinĂ¡rio

O cronista ordinĂ¡rio

      Segundo afirmou certa vez o próprio Nelson Rodrigues, seu objetivo era produzir um “teatro desagradável”; criar “peças desagradáveis”, “obras pestilentas”, capazes de “produzir o tifo e a malária na platéia”. Como se vê, sua crítica dirigia-se sobretudo contra

O Poema

O Poema

Um poema como um gole d’água bebido no escuro. Como um pobre animal palpitando ferido. Como pequenina moeda de prata perdida para sempre                                                              [na floresta noturna. Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa                                                              [condição de

Ida Ă  Padaria

Ida Ă  Padaria

[Rio de Janeiro] Esta noite a lua contempla a avenida Copacabana em vez de olhar para o mar, e as coisas mais cotidianas são novas pra ela. Debruça-se sobre os fios frouxos dos bondes. Lá embaixo, os trilhos se

CĂ©u de confeiteiro

CĂ©u de confeiteiro

uma fatia de céu é dada nesta noite de maio   quinhão que cabe ao homem que da janela espera   a urbe apita e o calor se faz bruma e precipício uma fatia de céu é dada aos

Menino na duna

Menino na duna

Vergado sob o peso de duas latas com água vai o menino caiçara rumo à duna sem dono Em seu destino parvo-pálido adorna a duna com sua magra figura Naufragado destino é o que traz no corpo magro como