Tatuagem de nanquim
Uma amiga tatuou na perna a seguinte frase: “O que me alimenta é o que me destrói “. Até agora não se arrependeu e continua se alimentando dessa certeza (eu acho), mas, é comum se arrepender, mesmo daquelas
Uma amiga tatuou na perna a seguinte frase: “O que me alimenta é o que me destrói “. Até agora não se arrependeu e continua se alimentando dessa certeza (eu acho), mas, é comum se arrepender, mesmo daquelas
Minha vizinha, Aurora, poderia ser bela como bela seria uma abóbora: surpreendê-la bastaria em certa travessa; n'alguma hora. Todavia sua beleza está mais para promessa poesia obra cuja ciência ou a apressa, ou a demora; ou a esplende, ou
Há quanto tempo ela não atravessa essa porta e diz "Cheguei!", contente e calma? Em qual dos tempos foi que a deixamos assim: expectante, pasma? Pra que hora mesmo ficou reservada sua aurora? A quem cabe despertá-la agora?
Péssimo, o meu estado de espírito. Cansado de tanta lida, tanto trampo, tanta agonia – de prazos, metas, dívidas, compromissos sociais – amanheci disposto à indisposição. Intolerante, respondo monossilábico a cada questionamento. "Não" é o que mais digo.
Não duram muito os ventos das montanhas: logo se contaminam da perplexidade da pedra e penetram-se de mistérios sólidos que os paralisam. Estátuas de ar, cristalizam no tempo sua própria incapacidade de movimento. Ao fim, não sobra nada. Talvez
O toque, o beijo, o fato – que coisas são essas diante do mundo indecifrado? Idéias descarnadas de si, o que podem em face do múltiplo infinito, do vórtice veloz de vento e vida? – Saberem-se a braços pendentes,
Agradeço à bala perdida por não ter acertado meu crânio quando saía pela portaria do prédio nessa manhã. Agradeço ao poeta Ferreira Gullar por acreditar na certeza que o homem fica brocha e morre, e por fim, agradeço à