Conversa de SĂ£o JoĂ£o
Foguetório bonito, hein? Muito bonito… E aí, como vai a vida? Tem tempo que não te vejo. Bão, isso parece que todo mundo tá sentindo, né mesmo. É, não é fácil não. Mas, olhe, não é bom se
Esperança
Todos os dias. Todos os dias ele sentava-se ali num banco da biblioteca esperando que ela passasse. Ela não passa. O tempo passa. O tempo passou e ele perdeu o emprego, perdeu o tempo que se perdeu
Amor nĂ£o tem idade
Seu Agenor construiu sua vida no samba. Foi um dos principais defensores do samba de raiz, de qualidade e poético. Tocou na bateria da escola de samba do morro onde morou a vida toda e hoje com seus
LĂ¢nguida em perfume
Tanto se diz neste mundo Sobre a voraz libido do macho; Que assim penso, de igual força, Seja esta tara feminina De querer te comer. Basta ver-te e Aguças, alargas Expandes o meu universo feminino. Fico toda fruta, fico
Um pouco de superstiĂ§Ă£o e esoterismo
Um vento forte subiu pelas escadarias e me arremessou ao teto da catedral, onde permaneci grudado como se um gigante me segurasse pelas costas. Pude ver quando uma mulher coberta por um manto negro apareceu pronunciando palavras indecifráveis.
Os felinos no cio
Gritam, esgoelam. Lembram os berros de estrelas pedindo socorro: Apelos loucos de astros Sugados pela fome voraz De um buraco negro. É como se o prazer fosse a porta da morte Ou a hipnose que faz a rã saltar
NĂ£o do nada
Do nada me veio a voz da lenda, das palavras do Arthur Miller a Jorge Andrade (outra vez): “Volte para o seu país, observe como os homens vivem e como gostariam de viver, e então, escreva sobre a
Natividade
– Boa noite, seu José. – Noite, dona Maria. Vai um milagre, aí? – Não, seu Zé, que de milagre estou prenhe. – E o que leva, então, desta minha santa bodega? – Um
Merlot chileno
Chupava com apreço e zelo. A língua sorvia Um cone de sorvete, Numa tarde de verão. Acoplou-se com a leveza E precisão de um módulo espacial. E passou a realizar num humano Cósmicos movimentos. Da boca vinha um sopro