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Prosa@Poesia
Dona

Dona

      Dobrando a esquina, Doninha esbarrou com a vida. Chamam-na assim de Doninha porque, registrada Ana Maria, quando menina, era Aninha. Cresceu, encorpou, casou com Joaquim Francisco, rábula recém-formado e filho de fazendeiro. Virou Dona Ana e, na seqüência,

Conversa de SĂ£o JoĂ£o

Conversa de SĂ£o JoĂ£o

      Foguetório bonito, hein? Muito bonito… E aí, como vai a vida? Tem tempo que não te vejo. Bão, isso parece que todo mundo tá sentindo, né mesmo. É, não é fácil não. Mas, olhe, não é bom se

Esperança

Esperança

      Todos os dias.       Todos os dias ele sentava-se ali num banco da biblioteca esperando que ela passasse. Ela não passa. O tempo passa. O tempo passou e ele perdeu o emprego, perdeu o tempo que se perdeu

Amor nĂ£o tem idade

Amor nĂ£o tem idade

      Seu Agenor construiu sua vida no samba. Foi um dos principais defensores do samba de raiz, de qualidade e poético. Tocou na bateria da escola de samba do morro onde morou a vida toda e hoje com seus

LĂ¢nguida em perfume

LĂ¢nguida em perfume

Tanto se diz neste mundo Sobre a voraz libido do macho; Que assim penso, de igual força, Seja esta tara feminina De querer te comer. Basta ver-te e Aguças, alargas Expandes o meu universo feminino. Fico toda fruta, fico

Os felinos no cio

Os felinos no cio

Gritam, esgoelam. Lembram os berros de estrelas pedindo socorro: Apelos loucos de astros Sugados pela fome voraz De um buraco negro. É como se o prazer fosse a porta da morte Ou a hipnose que faz a rã saltar

NĂ£o do nada

NĂ£o do nada

      Do nada me veio a voz da lenda, das palavras do Arthur Miller a Jorge Andrade (outra vez): “Volte para o seu país, observe como os homens vivem e como gostariam de viver, e então, escreva sobre a

Natividade

Natividade

      – Boa noite, seu José.       – Noite, dona Maria. Vai um milagre, aí?       – Não, seu Zé, que de milagre estou prenhe.       – E o que leva, então, desta minha santa bodega?       – Um

Merlot chileno

Merlot chileno

Chupava com apreço e zelo. A língua sorvia Um cone de sorvete, Numa tarde de verão. Acoplou-se com a leveza E precisão de um módulo espacial. E passou a realizar num humano Cósmicos movimentos. Da boca vinha um sopro