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Prosa@Poesia
Aos parasitas, o sal!

Aos parasitas, o sal!

Vem da infância O ódio aos parasitas. Os carrapatos nas orelhas do cão. Desesperado, ele esfregava-se Em estacas, postes. Inutilmente usava as patas. E derrotado rendia-se. Eu os retirava, um a um. E os encarcerava em garrafas escuras, Brancas

A comédia

A comédia

A desgraça não suporta Belas risadas. Não é só a espada Que decepa a maldade. É cortante, também, o fio da alegria. Na boca de uma boa alma O riso é uma bala. As Delícias do Amargo & Uma

Bombardeio

Bombardeio

Mar de luzes e vida De beleza e realizações. Da aeronave o céu estrelado É a cidade. O oficial que a comanda Assim não a vê. Ela não está sob o seu olhar, Está sob sua mira. (Ele ainda

Dialética II

Dialética II

Mudar o mundo! Longa trajetória. Veterana luta. E o quanto o mundo já mudou! E mesmo tendo se transformado tanto, Quanto permanece velho e arcaico! As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro Editora Anita Garibaldi,

Pra quĂª? (segunda parte)

Pra quĂª? (segunda parte)

      – Áe!!       – Desculpe. Doeu muito? Desculpe. Só um instante. Pronto. Bochecha… isso. Pode cuspir.       – Ô, do'tô, iá é a 'ercêa 'ez…       – Desculpe. Vamos fazer o seguinte… Você volta semana que vem. Melhor. 

Pra quĂª?

Pra quĂª?

      Formada em direito, Maria Ondina tinha uma visão muito objetiva da vida. Sua pergunta predileta era "pra quê?". Tudo tinha que ter um sentido muito prático; nada poderia significar um mínimo de desperdício.       Seu noivo, Amarildo, a

Desacato

Desacato

      Salvador, Bahia. Ônibus lotado como o quê, sobe uma dona zungando com as compras numa sacola abarrotada. De degrau em degrau, lá vem ela depositando a matula no chão:       – Licencinha, licencinha. Brigada, viu? Licencinha.       Chega

Na Capital Federal, uma tarde

Na Capital Federal, uma tarde

      Jovaldo fumava seu cigarro diante do café como quem se despede da vida. Franziu o cenho na última tragada, segurou-a nos pulmões, soltou a guimba no chão e a esmagou demoradamente enquanto expelia a fumaça com força.      

AniversĂ¡rio

AniversĂ¡rio

Comemoram-se datas de golpes e revoluções. Fundações de vilas e cidades. Ao som de bandas de música, Com desfiles militares festejam-se As descobertas de ilhas e continentes. Comemoram-se natalícios de santos e heróis. No meio da multidão danço e

O burocrata neĂ³fito

O burocrata neĂ³fito

      Dorme congelada no peito a idéia de si. Caminha pela avenida edificada como se pudesse conter-se nos prédios e ampliar-se pela escuridão. Quando da ciência do mundo, não imaginava estar ali, no centro do poder, lutando contra titãs