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Prosa@Poesia
ExĂ­lio

ExĂ­lio

Exilado do país que eu tinha, degredado, não por um tirano, mas por minha rainha, em cuja defesa decepei ladrões e dragões, em cuja honra anexei continentes, conquistei constelações. Em sua defesa, lancei insurretos para mofar nas prisões. Exilado

NĂ£o acredite nas palavras

NĂ£o acredite nas palavras

      Não acredite nas palavras, nem todas são boas, verdadeiras, honradas, algumas querem mesmo é te prejudicar, te humilhar. Principalmente aquelas que ainda não conhecemos. Outro dia, uma destas palavras estava tilintando dentro de minha cabeça e aguardando a

Ponto

Ponto

      Quanto tempo faz que você chegou aqui? Muito. Tenho pressa. De chegar, não: de partir. Estar em movimento; em caminho de ir. Isso é ser. Não: lógico que tenho destino, quê! Situa-se naquele tempo em que todos seremos

Deslamento

Deslamento

      Copiar o céu é o que não pude. Mas não me avexo, que de céu nossos horizontes são cheios. Permito-me, somente, uma certa melancolia e um pequeno almoço à beira de mim, para que não reste senão a

Madame & Monsieur

Madame & Monsieur

Monsieur: não basta ser doutor, não basta ter pudor, não basta ter amor para fazer uma mulher feliz. Não basta libertá-la da jaula paterna, não basta ser amável, afável, terno. Não basta ser polido, ser um homem bom, não

Programa de Ă­ndio

Programa de Ă­ndio

      Estávamos todos na praça puxando unzinhos quando o maluco chegou nos chamando para uma festa de aniversário na Ponta de Sambaqui. Segundo ele, um camarada dele tinha sido convidado para a tal festa e este o convidou. Ele,

A morte da cadela

A morte da cadela

      Depois do recuo do Ministro da Educação frente à pressão de cineastas e mercadeiros de cinema com referência à contrapartida social, comecei a escrever um roteiro que conta a história do atropelamento da minha cadela, com objetivo de

Tempo para morrer

Tempo para morrer

      Dona Anita subiu na laje e foi pendurar umas roupas. Quem olhasse de baixo, veria alguém que planava, mãos erguidas em busca do espaço. Já quem observasse da janela defronte, veria uma parca lutando contra o vento sob

Dizer palavra: Sertanejo

Dizer palavra: Sertanejo

      Quem diz da palavra árida o seco, diz eco de outras eras e heróis: diz: dos contrafortes de areia, do mato ralo da catingueira, do mediterrâneo de sol e gretas. Diz do halo das campinas pouca xícara. Diz

No lombo de uma lhama

No lombo de uma lhama

Junho vem no lombo de uma lhama. Vem no sopro de uma frente andina que assobia nas copas dos edifícios. As geleiras dos Andes bocejam, bocejam e o bafo chega aqui e faz um pombo saltitar em busca de