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Prosa@Poesia
Meia pĂ¡gina

Meia pĂ¡gina

      Imagine uma página de papel dobrada assim ao meio, verticalmente. Agora imagine escrever toda a emoção de um dia com meio potencial, meia possibilidade de desenvolvimento, meio espaço, meio horário gratuito de televisão, meia comida (e isso já

TrajetĂ³ria de um nome

TrajetĂ³ria de um nome

      Me chamo Chismundo Arcebideu Abafanada, sou irmão de Astrogildo Zenelildo, intendeu? Não, né. Mas oi, se fosse só isso, tava bom. Meu pai, não sastisfeito, butou no coitado do caçula um nome bem maci: Suavelino Almofadício de Efeito.

O mar prĂ³ximo

O mar prĂ³ximo

O mar nos aproxima da vida e assim próxima de nós vem e vai em seu gigante sortilégio. Beija a terra que no ventre o sustenta; busca inutilmente o céu com seus braços de espuma; traz nos vagalhões encrustados

Parque industrial

Parque industrial

Meu canto não é mais canto por não estar na boca dos homens. Ele é geografia que se tece por entre usinas e corporações; é arquitetura que se ergue nas torres sem pudor ou retinas de consciência. É sinfonia

A procura de Rosa

A procura de Rosa

      Enquanto o avião pousava, meu pensamento voltava-se para Rosa. Cheguei cansado, mas no dia seguinte saí a sua procura. Andei pelo entorno da base aérea de Maxell, nos "bairros negros", lá encontrei vários hospitais de veteranos. Fui a

O palĂ¡cio

O palĂ¡cio

Um santo austero violenta tua sala morta e nem sabes que a prata queima seu brilho entre verdes umidades. Guardas junto às tuas paredes as memórias e tudo cheira a omissão e violamento. Brutalizam teu quintal os muros e

O casarĂ£o

O casarĂ£o

Do casarão desmontam suas pedras. Ao golpe da marreta, no claro olho do meio-dia, a porta abre sua semente para o céu e perpetram os homens o seu futuro. O casarão remonta à sua época: Sob fios que conduziram

O barraco

O barraco

Há uma fome na vida da gente que penetra e é tudo. Há muita coisa na vida da gente pra fazer chorar… Há muita coisa… Há um quê nos ares da gente que entristece, que anoitece e que, quando

Os sonhos e os séculos

Os sonhos e os séculos

Há milênios num ponto perdido da América, numa densa noite, um índio olhando a lua desejou toca-la. Percorreu distâncias e do alto da mais alta árvore da Amazônia lançou sua flecha para em seguida, triste, vê-la cair no podre