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Prosa@Poesia
Casamento

Casamento

      Dona Eulália tomou seu chá e foi se deitar. Cumpriu todos os ritos de quem se recolhe: fechou o gás, verificou se a porta estava trancada, travou as janelas, desligou todos os aparelhos das tomadas, exceto a tv,

Navio sem bĂºssola

Navio sem bĂºssola

Não podemos deixar o cipoal, a lama dos igarapés a fuligem das fábricas o ranger das máquinas turvar nossa visão. Sim, é uma exigência vencer os pântanos e se o facão permanece limpo na bainha é denúncia de indolência

Aula de volante

Aula de volante

      Ele nunca tinha dirigido, morria de medo do volante, tinha muita vontade mas nunca tinha aprendido. Um dia perdeu o medo e entrou numa auto-escola. Primeiro dia de aula, entrou no carro e o instrutor passou as orientações:

Se me chamasse Raimundo…

Se me chamasse Raimundo…

      O mundo se surpreenderia com que teria para falar. Nem saberia como começar. Talvez pelos detalhes, para depois chegar ao principal. Assim, iria progressivamente intensificando o suspense, valorizando com isso o assunto.       Ou então, entraria de chofre

La mar

La mar

– La mar, La mar! Como um mar de todos os mares Ela pulsa como as ondas Flui em goles de chichia. Quente como a lava de um Osorno distante, incontinenti como uma cavalgada Mapuche. Infinita num mar de

Quase memĂ³ria

Quase memĂ³ria

      De tudo, só restou aquela cigarreira folhada a ouro – pequeno monólito dourado na mão fina.       Afinal, não era monólito: oca, tinha o espaço para as cigarrilhas. Mas ela gostava da imagem. Monólito, então.       Tomou o

Que speranza?

Que speranza?

      – Ma como rebaxado!?       – Rebaixado, seu Hilário; a gente fomos rebaixado.       Seu Hilário deu entrada no Servidor Público com uma crise de riso. Às gargalhadas, foi depositado no primeiro banco do saguão do hospital por

CoraĂ§Ă£o secundarista

CoraĂ§Ă£o secundarista

Poderia te escrever mil poemas, cidade, falando de tuas lâmpadas e de teus gases que poluem teu céu. Poderia dizer de teus bares ou de tuas favelas contrastando as cores de teu corpo e alma. Mas falarei de outros

Cinema

Cinema

      Estava em casa, tinha recém acordado, peguei o jornal, quando uma grande vontade de ir ao cinema me tomou de assalto. Abri o jornal em entretenimento, não estava muito disposto a longos percursos, por isso escolhi um cinema

Nomes

Nomes

      – Dona Marinalva, venha cá.       Dona Marinalva não era propriamente dona, no sentido clássico de senhora, proprietária de sesmarias, dominadora de horizontes. Seu chefe chamava-a de dona pelo hábito que todos os chefes têm de chamarem assim