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Prosa@Poesia
intermezzo

intermezzo

      No intervalo da ópera, uma mulher com olhar de romance medieval, acompanhada de todos os nove filhos que não tivemos, vinha em minha direção. Eu, órfão de palavras, passei um momento eterno dividido entre o clássico e o

Na rua

Na rua

      Rua movimentada. Todos "correm" para não se sabe onde, para fazer não sabe o quê. Um sujeito se aproxima de outro com um olhar de familiaridade.       – Oi, cara! Quanto tempo, heim?       E sem permitir que

A onda

A onda

      Não acreditava em mais nada. Já tinha passado por tantas eleições, tantas coisas, que já não punha fé em coisa alguma.       Acordou aquela manhã como acordara em todas as outras. E como acordaria em outras quaisquer, até

Tempero caseiro

Tempero caseiro

      Ao descer do ônibus em Itapira, interior de São Paulo, lembrei das férias escolares na infância, de quando aprendi a montar a cavalo, do imaginário dos camaradas (trabalhadores da roça) que contavam histórias quando, às vezes, eu ia

Os Sonhos e o SĂ©culo (II)

Os Sonhos e o SĂ©culo (II)

Os séculos têm aparência com o mar. Vão percorrendo o vão da vida descrevendo um mapa intrincado. Reina a calmaria, deslizam-se ondas macias. De repente, a violência, a tragédia, a tempestade. Os séculos e suas estações. Há o esplendor da primavera

Tucanos

Tucanos

      Manietaram tudo: informações, pessoas, casos. Grampearam ligações, ocultaram o passado e inventaram histórias.       A safadeza é tanta, que aparaceram na tv acusando aos outros, com caras inocentes e limpas. Calvas luzidias, bocas em bico, gestos de pais

Enorme campo de sinais

Enorme campo de sinais

      No auge da Guerra no Afeganistão, trabalhando a expressividade dos alunos, pedi a eles que escrevessem um fragmento de roteiro para cinema, cujo título era Crianças correm num campo de milho num dia de Sol. Discutimos as inúmeras

As Cartas

As Cartas

Poderosas são as cartas: ora nos anunciam que um filho nasceu; ora nos comunicam que aquele irmão, que morava distante, o perdemos quando atravessava uma avenida. Uma "carta" quando as canetas eram a tinteiro toda enlameada de azul em

Da prosa nossa de cada dia

Da prosa nossa de cada dia

      Hoje, tomo a liberdade de, neste meu espaço, apresentar aos leitores um comentário no lugar de uma ficção. Não, não. Fiquem tranqüilos: não será sobre o quadro eleitoral, nem sobre a nova guerra contra o Iraque. Venho falar

Terrenos baldios

Terrenos baldios

O azul e o sol doem nos olhos, caminho pela vila, pela vida, percorro o mundo. Um velho cavalo cansado arrasta ladeira acima uma carroça de areia e uma antiga folha de jornal rasteja ao sopro do vento; as