O Brasil com vergonha do Brasil
Para Aldo Rebelo Século XX. Noite de 12 de julho do ano de 98. Um apito tange do céu as estrelas. Em vez da explosão de foguetes E rajadas de gargalhadas: Um silêncio de dar medo. Em vez do
João, pra onde?
Haveria muito o que falar do velho João. Homem que tem o maior rio do mundo no nome; rio brasileiro. E que, além de Amazonas, é João, nome por todos os modos e elocuções simples e brasileiramente cristão.
Entre-estações
O sol não sabe se fica ou se vai embora. Nesta indefinição, não sabemos que fazer: se vestir manga comprida, ou manga curta; se calçar sandália, ou sapato; se sair de guarda-chuva ou sem. Por outro lado, não
Correspondências
O século aqui chegou todo molhado de chuva. E permaneceu assim encharcado até que eu me resolvesse a retornar para S. Paulo. Aí ele amanheceu e despachou a chuva comigo nas asas de um avião. Cheguei dia 7,
Manhãs brasileiras
A escuridão nos apavora e o medo, severo, no resigna. despertamos de olhos fechados para o tempo, protestando contra a luz, ingerimos nossos pães e nossos sonhos sem ao menos considerá-los e nos transladamos para o mundo, pela porta.
DOIS POEMAS DO RIO
I – ESTADO DE SÍTIO Aterrado, cruzo o Flamengo. Bruscas são suas árvores e seu chão artificializado. Ásperos são seus ventos por sobre as águas amedrontadas. Salto a avenida. Rompe do asfalto o cheiro de urina que infesta esses
O CAMPONÊS
Arrebatada a última semente, o que me sobrará? O chão e a fertilidade de sua secura? O sol e a infelicidade de sua presença? Ou a fome e a impunidade de seus delitos? Ninguém veio e nem virá acudir