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Prosa@Poesia
Uma Gralha

Uma Gralha

Uma Gralha   Passando ao pĂ© dum abeto, Uma gralha buliçosa Lançou-me alvo cotĂ£o De neve –  Com isso mudou o eixo dum dia tormentoso, Deixou-me o coraĂ§Ă£o Mais leve.     Robert Frost – Videntes e sonĂ¢mbulos –

NĂ£o me importarei nada

NĂ£o me importarei nada

NĂ£o me importarei nada     Quando estiver morta, e sobre mim o claro abril sacudir seu cabelo de chuvas compactas, embora vergues para mim de alma partida, nĂ£o me importarei nada.   Terei a paz que tem as

A porta de Deus

A porta de Deus

A porta de Deus   Duas vezes perdi tudo e foi debaixo da terra. Duas vezes parei mendigo a porta de Deus.     Dua vezes os anjos, descendo dos cĂ©us, reembolsaram-me de minhas provisões. LadrĂ£o, banqueiro,pai, estou pobre

NENZINHA, SUA CADELA E SUA VIDA

NENZINHA, SUA CADELA E SUA VIDA

NENZINHA, SUA CADELA E SUA VIDA   Desde criança, Nenzinha tem um sentimento de culpa. A responsĂ¡vel por esse sentimento era uma cadelinha que ela tinha quando criança, numa fazenda pros lados de Angicos, no Rio Grande do Norte.

A relva

A relva

A relva   Empilhem cadĂ¡veres em Austerlitz e Waterloo Minem a terra por baixo e deixem-me trabalhar… Eu sou a relva; eu cubro tudo.     Ergam montanhas de corpos em Gettysburg Elevem aos cĂ©us altas pilhas em Ypres

O morcego

O morcego

O morcego   Meia noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: na bruta ardĂªncia orgĂ¢nica da sede, morde-me a goela Ă­gneo e escaldante molho.     “Vou mandar levantar outra parede…” —

As aquarelas

As aquarelas

As aquarelas   NĂ£o penso azul, nem verde, nem vermelho, nenhuma cor vejo isoladamente: quero a vida total, como um espelho a que nĂ£o falte flor, folha ou semente.     A natureza, neste abril redondo, esconde formas, seres,

A batalha

A batalha

A batalha     A batalha fere a lei da gravidade e Ă© tĂ£o azul como os  mapas que os generais confrontam e os mapas de um exĂ©rcito vivo entre rajada e sol (o).     Azul a tarde

Tempo perdido

Tempo perdido

Tempo perdido   O tempo passa incĂ³lume pelos meus olhos, impregnado que estĂ¡ nas ruas que me levam para casa, todos os dias. Nem se apercebe de mim a espreitĂ¡-lo tristemente pela janela suja do metro, e depois do

Litogravura

Litogravura

Litogravura   MĂ£o de estĂ¡tua. Templo. Coluna. Arco de triunfo. Mil duzentos e cinquenta. Qualquer pedra na Europa Ă© suspeita de ser mais do que aparenta.   Felizes as pedras da minha terra que nunca foram senĂ£o pedras. Pedras,