Quer ser um escritor?
Dia desses, em Porto Alegre, eu encontrei um cartaz com a intrigante pergunta: “Quer ser um escritor?”. Fiquei a observar, por alguns minutos, aquele chamado e pensando na profundidade do convite e na complexidade da definição “escritor”, principalmente
Carta de Idalzira para Joan
Glosa: “Eu vivo nesta cidade Para cumprir minha sina Nunca gozei nesta vida Pois sofri desde menina” Peço para me escutar Porque minha história é triste Não sei como se resiste Tanta mágoa a enfrentar Comecei a trabalhar Com
Desidéria
Desde que encontrei Desidéria, não tenho mais sossego. É verdade que ela me falta por longos, Longuíssimos tempos de espera. Quando vem, me assombra. Ou serei eu que assombro Desidéria? Então nos engolfamos um no outro. Eu a penetro
Balada de Bilu
Compadre Bilu, conte uma história. “Vi a andorinha fugir do avião, vi Carlitos fazer discurso vi cada coisa, vi cada cara, e a fonte cantar a eterna canção.” Bilu, compadre, conte uma história, que foi, meu bem, que você
Ensaio entre corações e madrugadas
Na varanda, o sininho tilinta a madrugada. Acordes metálicos, suaves, Tocados pela mão da brisa fresca, Extemporâneos ladrões de sono. No quarto, o coração surdo tamborila por si, Os dias passados do passado. Num compasso tristonho e lânguido, Suspira
Epifania para um engarrafamento
– Os atropelamentos me lembram algumas rádios às seis da manhã a caminho do trabalho. Peço ao motorista do táxi para mudar a estação, assustada e egoísta. Mas a chuva continua e esta ação do inverno desliga o verão
O poeta desprevenido
Foi do homem faminto das ruas e crianças em redor de lixos, da pobreza engravidando o meu país que a poesia correu sozinha e se perdeu de mim. por um tempo… Caí na estranheza de um rosto e exercitei
Perigos no paraĂso
A tragédia anunciada nas três grandes cidades da região serrana carioca provam o que há muito se sabe: o paraíso pode trazer perigos que não pode sonhar a nossa vã saciologia. Perigos que decorrem de eventos e movimentos