A Fundação Maurício Grabois passa dos 13 anos disseminado ideias e formando quadros e a militância. Empreendeu um espaço de confluência do pensamento marxista, revolucionário e progressista. Tem se dedicado às questões-chave no enfrentamento da luta de ideias na atualidade do nosso período histórico. Na sua origem, nosso camarada Adalberto Monteiro teve um papel protagonista.
E a luta de ideias, como assinala nosso Programa Socialista, é uma das lutas fundamentais para a acumulação de forças visando a conquista do poder político. Portanto, não é uma atividade acadêmica, mas voltada aos objetivos programáticos e ao ideário da luta política e revolucionária do Partido Comunista do Brasil em nosso país.

A luta de ideias tem uma relevância ainda maior na contemporaneidade, com a transição na ordem mundial, que se intensifica e acelera na pandemia, já se distanciando do período mais agudo do fim da União Soviética, projetando a ascensão da República Popular da China e o declínio relativo da potência hegemônica dos EUA.

Neste novo contexto geopolítico mundial, os países socialistas remanescentes, estruturam projetos nacionais de orientação socialista, incorporando formas de renovação contemporâneas, destacadamente a China, no âmbito da própria economia capitalista mundial, superando o “modelo soviético” próprio de uma época. Hoje, esses projetos, não se apresentam edificando um sistema mundial socialista. Contudo, estão em evolução mais favorável às experiencias socialistas, contando com as lições do século 20.  

E mais, nas condições presentes, diversos Estados estruturam projetos nacionais de desenvolvimento. Adquirem centralidade as tarefas nacional e democrática; distinguem nova oportunidade histórica de resguardar sua soberania e seguir caminho próprio, impondo-se uma situação favorável à realização de projetos nacionais contra-hegemônicos. 

O imperialismo estadunidense hegemônico responde ao seu próprio declínio com mais ação agressiva, mobiliza seus aliados fiéis para conterem a China, utilizando todas as formas e meios, especificamente os militares, buscando também isolar a Rússia e desarranjar sua aliança estratégica com a China.

O fato relevante é que o capitalismo financeirizado, rentista, e sua ortodoxia neoliberal tem sido cada vez mais incapaz de responder aos desafios do mundo atual, do desenvolvimento das nações em cooperação mútuas e do bem estar dos povos.

O tempo presente e futuro clama pelo socialismo. Esta é a questão que evolui num processo, moldando uma alternativa contemporânea (China, exemplo maior) e adquire forma histórica. Não se tratam de teses subjetivas. O desafio, portanto, é como conduzir uma sociedade que nasce, mesmo pela revolução e se desenvolve nas entranhas de um mundo dominado por outro modo de produção.   

É neste mundo em transição na Ordem Mundial e de imposição de projetos desenvolvimentistas para os Estados nacionais, que o Brasil atravessa um período de tanto retrocesso, obscurantismo, boicote do próprio  presidente da República à ação pandêmica guiada pela ciência, caracterizando uma atitude genocida contra o povo, levando a crise sanitária à condição de tragédia nacional, sem semelhança de tais acontecimentos na história da República.

A orientação da frente ampla, defendida pelo PCdoB, baseado na história política do Brasil, é hoje o caminho para vitória, sendo o meio insofismável para desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro, porque se trata da questão premente para salvar o país. A aprovação da Lei das Federações Partidárias é uma vitória da democracia, num contexto muito adverso. Este conjunto de medidas de sentido estratégico e ação tática demonstra a lucidez e o protagonismo do PCdoB.

É baseado no trabalho de pesquisa e estudo da FMG e nesse contexto mundial e nacional que procuramos assumir uma nova fase na trajetória da Fundação. Exige assumir os meios modernos da tecnologia de informação e formação, novas ferramentas e nova metodologia para não ficarmos à margem na luta de ideias.

As nossas linhas de pesquisas se voltou aos temas candentes deste início do século 21, como: as singularidades do capitalismo contemporâneo; as tendências do sistema internacional na atualidade, a luta por uma nova ordem mundial; as experiencias revolucionárias do século 20, ressaltando o estudo das contribuições de Lenin; o papel dos países de orientação socialista, destacadamente a China, que desempenha um lugar central na nova luta pelo socialismo; a atualização do Programa Socialista do PCdoB, centrado no seu caminho relativo ao ideário nacional-desenvolvimentista.  

Foram muitas iniciativas significativas que, vou citar algumas mais candentes.

– A Escola João Amazonas por meio dos seus Núcleos de Ensino e Pesquisa, nos cursos de níveis 1,2,3, continua a todo vapor e está adaptando-os para a versão virtual e realizando a reformulação dos currículos da Escola Nacional;
– A Instituição da Cátedra Claudio Campos se concentra no estudo do nacional-desenvolvimentismo. Já contou com duas iniciativas edificantes: editou o livro Pensamento Nacional-Desenvolvimentista, uma coletânea, organizada por Nilson Araújo e Rosanita Campos, de 31 textos de 16 autores que tratam do nacional-desenvolvimentismo. Realizou o Seminário “O Nacional-Desenvolvimentismo e o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento”, que contou com 11 mesas e 50 expositores especialistas e quadros da vida acadêmica e política do país;
– Cursos à Distância lançados desde 2019 por uma plataforma digital própria. O primeiro sobre a obra O capital de Karl Marx; outro importante sobre o Pensamento de Antônio Gramsci. E entre outros cursos, no auge da Pandemia, realizou o Curso Saúde e Socialismo – A imprescindibilidade do SUS para a superação da Pandemia pelo Covid-19 no Brasil, que passou de 5 mil alunos aí inscritos. E a parceria com a Escola Castro Alves, da UJS; as inscrições para os cursos chegaram às dezenas de milhares e várias centenas de milhares de visualizações.
– Publicações. Foi constituída uma Comissão Editorial que organiza as múltiplaspublicações e lançamentos. Recentemente editamos oito livros, finalizamos três e fizemos novas edições de livros anteriormente publicados. Com a ADJC editamos o livro: Reconstruir a Democracia – União de amplas forças políticas e sociais para a luta ideológica, organizado por Aldo Arantes, com outros 14 autores.

É de se ressaltar a publicação do livro China o socialismo do século XXI, de Elias Jabbour e Alberto Gabrieli, resultante da pesquisa que tem a contribuição da FMG. Este livro está sendo publicado na Inglaterra, por uma das maiores editoras do ocidente; está sendo lançado também em Portugal.

E destaco outras iniciativas para o nosso tempo:

– A TV Grabois, montada recentemente, ganhou forte impulso no início de 2021 com uma nova equipe de produção de conteúdos com plano de Manuela D´Avila. A equipe formou e capacitou 5 YouTubers, que tratam de temas específicos – Elias Jabbour (China); Ana Prestes (América Latina), Olivia Santana (gênero e luta antirracista); Fábio Palácio (Cultura e comunicação), e Dani Balbi e a própria Manuela que também é uma Youtuber da TV Grabois.
Esse projeto de comunicação aprofundou nossa presença nas redes. Hoje a FMG tem perfis no Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, Telegram e Tik Tok. Têm conteúdo próprios e crescimento acelerado de visualizações que chegam a dezenas de milhares.
Estamos na fase da elaboração de nova edição e atualização do Portal da FMG, sob a direção de Renata Mielli.  
– E a Revista Princípios, que completou 40 anos de circulação. Fincamos uma nova fase, com novo projeto editorial e gráfico. Agora, a publicação está indexada como revista científica em diversos indexadores nacionais e internacionais. E constrói pontes e relações com intelectuais, universidades e centros de pesquisa. Já saiu 4 números na nova fase e o quinto em finalização. Iniciativa que tem o protagonismo de Julio Veloso e Fabio Palácio.

Ainda situo: O importante trabalho do Centro de Documentação e Memória da FMG, já com grande acervo. Com a proximidade do centenário do PCdoB, está com suas atividades voltadas para esta efeméride. Segue em pesquisa de documentos inéditos, periódicos e fotografias. Contribui com a elaboração do livro Iconográfico sobrea história do PCdoB.

A FMG participa do Observatório da Democracia com mais 9 Fundações, trabalho originado pelo nosso esforça há mais de 10 anos.

Hoje a nossa Fundação está fincada de forma ativa e com programação de trabalho em 8 Estados.

A FMG organizará uma Comissão para atualização do Programa do Partido, de 2009, para depois do nosso 15º Congresso.

Nossa Fundação conta com grandes quadros do Partido e intelectuais e conselheiros amigos da Fundação. Concluo, com nossa homenagem à memória de dois grandes quadros da FMG, que deixam um grande legado, mas também fica um vazio no estudo e na pesquisa da história do Brasil e na história do PCdoB: Augusto Buonicore e José Carlos Rui, presentes!         
 
Intervenção especial de Renato Rabelo no plenário do 15º Congresso Nacional do PCdoB