Comemora-se em 1985 o Ano Internacional da Juventude. O acontecimento, de iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), está sendo festejado mundialmente através de congressos, festivais e encontros promovidos em todos os cantos do planeta por movimentos Juvenis, governos e entidades culturais. A par das comemorações, porém, cabe refletir sobre as inquietações e os anseios da juventude em uma época marcada pelo desajustamento acelerado da sociedade capitalista e pela necessidade de sua substituição por uma ordem social nova, capaz de prover a Juventude e os povos do sonho possível e realizável da felicidade.

Da América do Norte à China, de Buenos Aires a Moscou, o desengano face à irracionalidade do mundo capitalista manifesta-se de maneira mais aguda entre o contingente mais jovem da população. Ao observar a ordem estabelecida, não poderia deixar de escapar às jovens gerações uma exclamação de desprezo e decepção: "sociedade podre", como definiram em pesquisa de opinião realizada pelo jornal O Estado de São Paulo.

O que deseja a juventude? O que busca em meio aos tormentos gerados por opressão, injustiças, discriminações e ameaça de guerra nuclear? Diríamos que, num primeiro instante, nega simplesmente a sociedade atual, sem maior discernimento do que seria estabelecido em seu lugar, nem de como proceder para alcançar tal objetivo. Em questionário dirigido a jovens brasileiros em 1967 pela revista Realidade, publicado na época com grande repercussão, soube-se que mais de 50% dos consultados viam no "socialismo o sistema econômico que oferece as maiores possibilidades para o desenvolvimento". Mesmo aparecendo aí o socialismo como substituição caricaturada do capitalismo, não deixa de ser reveladora a manifestação da mocidade do País naquele período.

Fase de transição entre a adolescência e a idade adulta, o jovem desperta para o mundo buscando uma filosofia de vida, um sentido para a existência que o coloque em sintonia com a natureza e com seus semelhantes. Ao chocar-se com a utopia despedaçada pela engrenagem anacrônica e pelos valores mesquinhos e egoístas das estruturas dominantes é conduzido, irreversivelmente, à indignação e à revolta.

Incapaz de conquistar a juventude para sua ideologia e modo de vida, procura a burguesia neutralizar-lhe a ira esgotando os movimentos de contestação em objetivos secundários e limitados, ou até mesmo voltando-os contra sua própria razão de existir. A regra, porém, é a revolta incontinenti, expondo as vísceras apodrecidas do sistema, mesmo que seus efeitos não se voltem imediatamente contra ele.

Anos atrás, a revista norte-americana Seleções, do Reader's Digest, ligada aos setores mais reacionários da sociedade americana, dava conta da preocupação do governo dos Estados Unidos com a violência nas escolas primárias do país, principalmente quanto a atos de vandalismo, depredação e destruição de patrimônio, gerando incalculáveis prejuízos ao governo, além de levantar questionamento sobre as razões de tal comportamento. Mais recentemente sabe-se que tal situação agravou-se com agressões, inclusive estupro e assassinato de professoras em salas-de-aula por parte de alunos adolescentes.

"Não queremos criar nada de novo. Nem sequer mudar o mundo ou contribuir para o bem-estar da comunidade. Só queremos gozar nossa breve vida, gozar do sexo, da música, dos filmes de violência e brutalidade, beber álcool, fumar maconha e adquirir droga boa". O jovem que fez essa declaração faz parte de grupos punk que não escondem suas simpatias pelo nazismo; já foram responsabilizados pelo espancamento de trabalhadores turcos e gregos na Alemanha e reivindicam a expulsão dos estrangeiros do país. Em São Paulo, atribui-se a grupos punk inscrições que têm surgido nas ruas da cidade, ao lado da cruz suástica, com os dizeres "fora baianos sujos", em referência explícita aos nordestinos que moram no estado.

Não faz muito tempo, ao promover o julgamento, em Moscou, de um grupo de jovens adeptos da seita Hare Krishna, as autoridades revisionistas viram-se às voltas com dezenas de outros simpatizantes do grupo que protestavam na porta do tribunal. Na China já há out-doors com jovens bebendo coca-cola. Em compensação caiu de 50%, no período da revolução, para pouco mais de 5%, atualmente, o índice de jovens militantes no Partido Comunista Chinês.

Em seu XIII Congresso, realizado este ano, o Partido Socialista dos Trabalhadores Húngaros apontava como grande preocupação – ao lado do crescimento do lucro das empresas privadas e do aumento da diferença entre ricos e pobres – a degeneração e o uso das drogas entre a juventude. Integrado na economia, o capitalismo multiplica suas mazelas, também nos costumes, no mundo revisionista.

As multinacionais anunciam: Garrafas de "vida", pacotes de "sucesso"!

Na contingência de nada ter a oferecer ou construir, sem perspectiva a acenar para a humanidade, as elites elegeram o "consumismo" como a filosofia de seus últimos dias. Consumir passou a ser a própria essência da vida. Para se consumir mais e mais, tudo deve ser trocado por outra coisa de igual valor, conteúdo e função; seja carro, televisor, detergente e até mesmo homem ou mulher. Seria salutar que, na era da obsolescência planejada, as classes dominantes reservassem também sua vez de repousar definitivamente na lata do lixo dos objetos descartáveis.

Sob o título "O mercado de Cr$ 1,5 trilhão", a revista Exame publicou no ano passado, e Veja reproduziu em reportagem de capa, uma pesquisa da empresa de publicidade MacCann-Erickson sobre o potencial consumidor da juventude do Brasil. A empresa investiu 100 mil dólares, na ocasião, exclusivamente para estudar um mercado correspondente a 60% das 24,8 milhões de pessoas com idade entre 15 e 24 anos empregadas.

A pesquisa rotula os jovens em cinco segmentos: integrados, conservadores, modernos, independentes e contestadores, encarregando-se de tecer ligações sobre hábitos, costumes e tendências político-ideológicas de cada grupo. Os resultados da pesquisa são tão absurdos quanto reveladores dos interesses de seus patrocinadores. A respeito dos contestadores diz, por exemplo: representam apenas 5% do total de jovens do País e pertencem majoritariamente à classe "A" – dos mais ricos. Para quem viu a presença maciça da mocidade na campanha das diretas, no ano passado, ou a juventude operária e bóia-fria erguendo-se em greves nas fábricas e canaviais de São Paulo, resta a pergunta: em jovens de que galáxia a MacCann-Erickson aplicou, finalmente, sua pesquisa?

Através de jingles que anunciam que “Coca-Cola dá mais vida" e "Hollywood o sucesso", mais que refrigerantes e cigarros, as multinacionais tentam vender uma opção existencial à juventude onde o prazer e a aventura de viver podem ser comprados em garrafas e pacotes no próximo supermercado, e independem da ação, iniciativa ou luta dos indivíduos.

O sonho da burguesia com um mundo de mulas-sem-cabeça

O culto do corpo é outra receita de bolo da culinária oficial para exercer a função de dique contra o extravasamento, indesejável, da rebeldia juvenil, do campo do comportamento para o campo das idéias e da política. Até a expressão "política do corpo" foi criada e propagandeada em larga escala pelos meios de comunicação de massa e repetida por gente que se julga avançada e progressista. Logicamente, interessa aos jovens um ideal de vida que lhes permita aproveitar e conhecer as potencialidades do corpo, mas não uma pretensa teoria do corpo que lhes anula os demais sentidos da vida.

A desfaçatez e hipocrisia dos círculos dirigentes devem levá-los a sonhar com um mundo habitado por pessoas incapazes de pensar e raciocinar tal qual as mulas-sem-cabeça das estórias contadas por nossos avós. A verdadeira "política do corpo" por eles defendida manifesta-se no frio número de estatísticas, nos 25 milhões de menores abandonados, 70 milhões de verminóticos e subnutridos que vivem no Brasil, ou nos 800 milhões de seres humanos que perambulam pelo mundo na condição de inativos ou indigentes, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo dados da Secretaria de Educação Física e Desporto do Ministério da Educação e Cultura, apenas 31 de cada 100 mil alunos matriculados (0,031%) participaram dos jogos escolares brasileiros de 1982. Não chega a 1 por 100 (chega a 40 por 100 em outros países) o número de brasileiros de 15 a 49 anos inscritos como atletas das federações estaduais, enquanto diminuíram de 219 em 1974, para 184 em 1984, os campos de futebol de várzea no município de São Paulo. "Política do corpo" para minorias privilegiadas e inacessibilidade ao esporte para a ampla maioria da população.

No 1º Congresso de Adolescência, realizado este ano, em São Paulo, o médico Lauro Monteiro Filho, ao manifestar sua preocupação com o alto índice de suicídio entre os jovens, alertou para o fato de que "não é freqüentando academias de ginástica, que supervalorizam o corpo, que os jovens serão bem sucedidos na vida", acrescentando: "é preciso transmitir aos filhos uma noção mairo de responsabilidade e mostrar-lhes a possibilidade, de eles próprios com os mecanismos de que dispõem, mudar alguma coisa". Um pouco antes, em simpósio semelhante em Campinas, o psiquiatra Roosevelt Cassoria denunciava: "das 20 mil tentativas de suicídio registradas por ano em São Paulo, 80% ocorrem entre adolescentes, com incidência maior de mulheres, na proporção de cinco por um". A baixa auto-estima, a não identificação de projeto de vida, problemas familiares e afetivos foram apontados como os principais causadores das tentativas de suicídio entre os jovens.

Mas se afinal de contas as prateleiras dos supermercados, as sessões das academias de ginástica, nem a leitura dos conselhos do último guru oriental preencherem o vazio existencial das gerações nascentes, não faltará uma teoria da psicanálise para dar a explicação: você, e não a sociedade, é desajustado – sentenciarão nossos sacerdotes freudianos em missa encomendada pela remissão das almas de seus mecenas.

"Era o mesmo em todo lugar, crime e traição, traição e crime." (Jack London)

Mas se no campo das idéias há que se enfrentar a juventude com as armadilhas postas em seu caminho, é na vida concreta e diária que deve estar atenta para não ser surpreendida no terreno minado pelo inimigo em retirada.

Os olhos mais atentos já podem divisar o brilho do bólido capitalista cortando os céus na precipitação final: fascistização da sociedade; crise econômica multiplicando desemprego, miséria e sofrimento; atos de desespero em meio ao crescente ânimo dos povos para a luta, e a ameaça de guerra nuclear são como zumbidos do monstro pressagiando a queda definitiva.

A liberdade, senha das revoluções, precisa ser rasgada pelas sentinelas da reação para que não seja passada às novas gerações informando a aproximação da batalha derradeira com imensas possibilidades de vitória para as forças do futuro e do progresso. A cada espasmo de crise da estrutura capitalista o fascismo aparece como antídoto na tentativa de salvação do organismo em agonia, embora sempre respondido pela intensificação da luta dos trabalhadores e dos povos, em igual intensidade e sentido contrário, como na lei da física.

O suicídio de 21 soldados, noticiado pelo Estado-Maior israelense, entre os que foram destacados para ocupar o Líbano, e o desligamento diário de recrutas por abuso de droga, das forças norte-americanas acantonadas na Europa, são esses sinais desesperados de uma juventude que não aceita a beligerância de seus governos nem a militarização do planeta.

A multiplicação por toda paisagem européia de manifestações em oposição à corrida armamentista; a investida maciça dos jovens negros dos guetos sul-africanos contra a discriminação racial; a valentia dos jovens mineiros ingleses ante a política de desemprego e repressão do regime da "dama-de-ferro" e a generosidade com que jovens palestinos, nicaragüenses e salvadorenhos se inscrevem nas fileiras dos combatentes em defesa da independência da pátria, são exemplos de como a juventude enche de vigor a caminhada da humanidade para o amanhã.

Agora mesmo, quando a águia da Casa Branca bate as asas para outro vôo sanguinário contra uma nação soberana – tendo mais uma vez como alvo o destemido povo nicaragüense – não pode faltar o grito de "basta" aos agressores nem o repúdio veemente nas portas das embaixadas e consulados imperialistas e contra seus representantes em todos os continentes.

"O A é de absurdo / que vivemos todo dia /
é fome em todo lugar / é gente sem moradia /
grandes secas no nordeste / no sul enchentes e pestes /
desemprego é o que se cria."
(Gecílio Pereira de Souza, jovem poeta, trabalhador rural, militante da UJS em Correntina – BA)

Aqui anunciam-se eleições para a Assembléia Nacional Constituinte. Outras quatro foram convocadas ao longo de nossa história e em todas elas o esforço supremo dos meios conservadores sempre voltou-se para alijar do processo em primeiro lugar os trabalhadores, mas também forças auxiliares importantes do movimento popular, como os jovens e as mulheres. Estas só vieram a conquistar direito de voto no início dos anos 1930, quatro décadas depois do advento da república e mais de cem anos após a independência. Quanto à Juventude na Constituinte de 1823 proibiram-lhe o voto antes dos 25 anos, mais tarde até 21, e só hoje lhe permitem votar aos 18 anos, embora na mesma Constituição figure que já se pode vender mais-valia ao capital a partir dos 12 anos de idade. A responsabilidade de operar máquinas, conduzir papéis, derrubar canaviais, casar e ter filhos, exercida ordinariamente por jovens operários office-boys, bóias-fria, mães e pais, é menor que de dar um voto para prefeito ou deputado, na lógica interesseira de nossos constitucionalistas de plantão.

A juventude lutará para conquistar o direito de votar aos 16 anos. Logrará conquistá-lo, ou não, a depender do movimento que consiga organizar em torno desse objetivo, e tantas chances terá quanto o êxito que consiga em aprumar as forças dentro da batalha em andamento, ao lado de todo o povo para livrar a sociedade da infecção autoritária que a acometeu nos últimos 20 anos, e acelerar a marcha rumo a dias de direitos e liberdade.

A incerteza do trabalho, de poder ser dono do seu destino e útil à sociedade, conduz o jovem a um estado de incerteza e impotência, quebra-lhe o ânimo, leva-o ao desalento, à criminalidade, ou à luta. Portanto, a defesa intransigente do direito ao trabalho e a denúncia incessante desta chaga do capitalismo – a falta de oportunidade aos mais novos – devem constar como ponto primordial do programa de qualquer organização avançada da juventude.

O desemprego na Europa deixa sem ocupação 40% das pessoas de até 25 anos e nos Estados Unidos são os adolescentes e os negros os mais atingidos pela falta de trabalho. "Não sei ao certo onde irei, parto em busca de serviço" – escreveu recentemente um militante da União da juventude Socialista do interior de São Paulo, comunicando da impossibilidade de continuar atuando no município onde tinha nascido e vivido até então.

Ressalte-se ainda que, no Brasil, a ausência de emprego para trabalhadores jovens sobrevive em simbiose com a brutal exploração da mão-de-obra de menores, sete milhões dos quais integravam a força de trabalho em 1983, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Na zona rural, na qual trabalham 45,4% da população entre 10 e 17 anos é comum o desfalecimento desses inocentes, por fome ou esgotamento, em plena jornada de trabalho, repetição trágica, séculos depois, das cenas do período inicial da industrialização européia, quando os super-explorados operários, não raramente, encontravam a morte sobre os teares que manuseavam. "No Sertão, a idade adulta começa aos 10 anos, ou antes, no cabo da enxada", testemunhou à União da Juventude Socialista Raimundo Chaves – aos 20 anos presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Poranga, Ceará – sobre as condições de vida e trabalho da juventude camponesa, ele próprio exemplo vivo da infância e adolescência desaproveitadas na dura vida da roça.

Certa manhã de domingo de 1985, realizávamos um mutirão de filiação à União da Juventude Socialista em um bairro dormitório operário da periferia de São Paulo. Após ouvir a exposição sobre os objetivos e funcionamento da entidade, um grupo de Jovens – todo de mulheres entre 15 e 17 anos – concordou em inscrever-se no movimento e participar de suas atividades. Uma delas, sem esconder o rubor nas faces, pediu à amiga que preenchesse a ficha de filiação e assinasse em seu lugar: era analfabeta. Outra, do mesmo grupo, disse que trabalhava a semana inteira em "casa de família" e aos sábados e domingos lavava a roupa dos pais e irmãos. Uma terceira, apresentando o corpo cheio de marcas, disse ter sido impiedosamente surrada pela mãe, após uma semana de serviço como doméstica – salário de Cr$ 100 mi1ao mês – e um sábado inteiro lavando roupa, pelo fato de ter saído, à noite, para uma festinha em companhia de amigas.

"Estas contradições são contidas violentamente por um despotismo sem igual, despotismo cada vez mais insuportável para a juventude, que encarna a razão e a dignidade da nação." (Engels)

Descobrimos, porém, no contato com esses operários, desempregados e com todos os jovens deserdados pelo capitalismo, a serenidade, a vontade de viver e o amor por seus semelhantes, impossíveis de serem encontrados nos entes mesquinhos, barões da indústria, do capital, do latifúndio e homens sem dignidade que os acompanham.
Desconhecem quaisquer sacrifícios por um dia de lazer, um acampamento, excursão ou por uma partida de futebol em campo de várzea. Na pobreza material de suas existências vê-se uma coragem indômita e uma disposição para o combate própria dos explorados e que nos anima a seguir em frente. Saibam os que com eles se unem, em busca de melhor sorte, que nenhum esforço será tão grande quanto o desenvolvido por eles próprios para manter a insubmissão e a altivez em meio à servidão e à iniqüidade.

Por esta razão, os jovens conscientes têm a tarefa de divulgar entre eles, com paciência e perseverança, a mensagem do socialismo. Armar-lhes os espíritos de uma filosofia de vida orientada pela confiança nas transformações progressistas e na revolução que os libertará, e a toda a humanidade, da humilhação e do sofrimento.

Deve-se incentivá-los a atuar nas organizações de vanguarda do povo e nos sindicatos; a participar de todas as formas possíveis de organização dentro das empresas, das comissões de fábricas, Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), do time de futebol, da festa, do jogo e da excursão. "Importa estar junto da turma, ir devagar, que todo mundo descobre que tem que lutar mesmo", diz, com sabedoria e experiência, um jovem metalúrgico da UJS.

Nas escolas é difícil a tarefa de formar a nova geração e os quadros revolucionários. É preciso construir a nova escola no seio da velha. Dentro da escola burguesa, infestada de vícios, preconceitos e mentiras, erguer a escola revolucionária, baseada nas virtudes da união, na verdade científica e na ação ampla e massiva para incorporar a mocidade estudantil no caminho da luta e das reivindicações. A "condescendência" – recomendada por Lênin para com os mais novos – mais do que nunca deve ser levada em conta para compreender a demora, a dispersão e outras dificuldades que muitas vezes manifestam em assimilar as responsabilidades inerentes à atividade política.

Nos bairros, onde encontram-se em condições mais desfavoráveis que os estudantes e operários que contam com suas entidades para agirem em função de seus interesses, cabe procurar juntá-los de alguma forma, seja para reivindicar melhores condições de moradia, uma quadra de esporte, organizar um festejo para o dia da criança ou dos namorados, por exemplo.

No momento, trata-se de incorporá-los a uma entidade própria, à União da Juventude Socialista e de fazê-lo com ousadia, sem tempo a perder, ou obstáculos a não suplantar. As vitórias alcançadas pelo povo nas últimas refregas tiveram incontestável participação da juventude. Verdadeiros destacamentos de jovens combatentes formam-se diariamente nas greves e demonstrações de rua, e outro destino não devem tomar que o de se unirem ao batalhão mais avançado da juventude brasileira: a União da Juventude Socialista. Organizá-los em larga escala, filiá-los em massa em núcleos de bairros, fábricas e escolas é tarefa que não pode ser deixada para amanhã sob pena de encontrá-los cruzando fronteiras estranhas a seus interesses.

* Aldo Rebelo foi presidente da UNE, gestão 1980-81. Atualmente é coordenador-geral da União da Juventude Socialista (UJS). Suplente de deputado federal (PMDB-SP) e jornalista profissional.

EDIÇÃO 11, AGOSTO, 1985, PÁGINAS 19, 20, 21, 22