O estudo que mereceu nota máxima no julgamento propõe-se a explicar a expansão ocorrida na década de 1980, especialmente nos anos 1983-87-90 governo Iris Resende através de inúmeras iniciativas “públicas”: autarquias estaduais e fundações municipais. Para se ter uma noção quantitativa do fenômeno, até 1979 Goiás possuía 11 instituições de Ensino Superior (IES), localizadas em 5 municípios. Já em 1990, o total elevou-se para 31 IES, abrangendo 19 universidades.

Considerando a significativa produção de conhecimento neste campo de estudo, a dissertação sinaliza para algo de novo: a denúncia da municipalização enquanto uma nova fase de privatização do ensino superior no Brasil numa década de crise e euforia nacional e goiana.

Tal fenômeno se manifestou como um verdadeiro festival de faculdades, ouvido mais pelo barulho da criação no papel do que pelos desafios enfrentados na instalação em localidades sem as mínimas condições.

O aporte teórico que orientou a investigação foi elaborado a partir das contribuições advindas de P. Bourdizu, C. B. Martins, L. A. Cunha, J. S. Baia Horta e D. Trigueiro Mendes. A problemática foi construída a partir da noção epistemológica de G. Bachelard, permitindo assim buscar as raízes explicativas para além da caricatura desordenada e/ou mero recurso eleitoral.

Ao analisar as mensagens legislativas e os discursos educacionais da época, os quais constituem documentos inéditos, constatou-se não tratar-se de expansão desordenada, mas articulada à euforia, aos projetos educacionais, eleitorais e à própria prática populista que a Aliança Democrática tanto vitalizou.

Revelou ainda que o ideário desenvolvimentista, a interiorização e a fixação da juventude em sua terra natal, argumentos tão programados, sinalizaram para a existência de um “projeto” disciplinador voltado para o controle social, ainda que mascarado pelo discurso do progresso regional, interiorização da ciência e da cultura.

Face a estas conclusões, o estudo faz um chamado que diante das exigências colocadas pelo mundo contemporâneo, particularmente pelos desafios que o Ensino Superior brasileiro enfrentará no decorrer da última década deste milênio, o Ensino Superior em Goiás – expandido quantitativamente – deverá dar um salto de qualidade uma vez que tempos de euforia são passageiros.