Este pequeno trabalho de Allan Wood, lançado pela Ática e que faz parte da Coleção Princípios, traz um resumo sobre as origens da Revolução Russa.

A intenção do autor é abordar as causas da Revolução e seu exame chega apenas até outubro de 1917. Assim, sua análise não se estende aos acontecimentos pós-revolucionários.
Partindo da emancipação dos servos, em 1861, o autor discute quase sessenta anos de história russa, dividindo o livro em quatro partes: a) Autocracia e Oposição, que fala da estrutura do regime czarista antes da Revolução de 1917 e das forças a ele contrárias; b) Reforma e Reação, tratando da emancipação dos servos, do desejo da Rússia de possuir uma Constituição, do surgimento e da importância do movimento populista e ainda do processo de industrialização russo; c) Revolução versus Constituição, narra o aparecimento do marxismo, o acirramento dos protestos sociais e a fase “constitucional” da Rússia, sobre o papel da Primeira Guerra Mundial no processo revolucionário e finalmente os movimentos de fevereiro e outubro de 1917.

Constam ainda uma introdução, uma conclusão, um quadro cronológico dos principais acontecimentos, um glossário de termos russos frequentemente utilizados pelo autor e ainda uma rica e extensa indicação bibliográfica, no geral trabalhos recentes, na maior parte, de ingleses.
Alan Wood busca as origens da Revolução a partir da emancipação dos servos em 1861. Esta idéia, em geral aceita pelos estudiosos do assunto, é também compartilhada pelos marxistas-leninistas.
A abolição da servidão na Rússia desencadeia uma série de transformações sociais e marca uma crescente ambiguidade entre as mudanças e o estático regime czarista.

Por sua vez, a legislação, que abolia a servidão na Rússia, gerou uma série de descontentamentos sociais que exigiam do czar soluções constitucionais.

Os camponeses não adquiriram a liberdade de forma individual, mas sim de forma coletiva. Assim continuavam ligados à comuna que exercia poderes econômicos e jurídicos sobre seus membros. Portanto, com a abolição da servidão, os camponeses apenas conseguiram transferir sua submissão: de seu amo, para a comuna.

O autor destaca o papel do populismo revolucionário, organizado pela intelligentsia e que via na comuna a possibilidade de destruir o regime czarista e instaurar uma sociedade agrário-socialista.
Outro fator determinante para a Revolução, destacado por Wood, é o grande crescimento da indústria siderúrgica que, desenvolvendo as relações capitalistas, trouxe, por um lado, um número cada vez maior de operários insatisfeitos e, por outro, o surgimento de uma classe intermediária rica, ávida por liberdades constitucionais e que ajudaria também a romper as amarras do czarismo. Além desse fenômeno, nos fins do século XIX, irrompe o movimento marxista que irá crescer com o Partido Social-Democrata Russo (1898).

Assim sendo, o regime, deixando de acompanhar as mudanças sociais, tornou sua explosão inevitável.
Redigida de forma simples e clara, esta obra se destina a estudantes secundaristas, é bastante útil a estudantes universitários ou àqueles que desejam iniciar um estudo sobre a Revolução Russa de 1917, visto que é um resumo bem feito, trazendo as principais opiniões acerca do assunto e ainda possui uma extensa indicação bibliográfica para aqueles que desejam prosseguir este estudo.

Denise Falcirolli
Bacharel em História

EDIÇÃO 26, AGO/SET/OUT, 1992, PÁGINAS 72