“Finalmente, nos últimos anos, emergiram, em diversos países, focos de resistência ao neoliberalismo, com a manutenção de certos projetos nacionais com perfil alternativo a este sistema, como na Ásia. Desde 1997, a este quadro somou-se o rápido alastramento e aprofundamento da crise financeira global, que ameaça converter-se numa nova depressão planetária, tal como a dos anos 1930. Encontrar alternativas ao neoliberalismo para o novo século que se avizinha, tornou-se uma necessidade premente”.

Com este espírito surge o livro Século XXI – barbárie ou solidariedade? Alternativas ao neoliberalismo, que reúne 23 textos escritos por estudiosos do Brasil, América Latina, da Ásia e da Europa, que tiveram por base o II Seminário Internacional “Século XXI: barbárie ou solidariedade” ocorrido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em julho de 1998. O livro do I Seminário também foi resenhado por Princípios.

Século XXI: barbárie ou solidariedade?… tem apresentação de Raul Carrion, historiador, e representante das entidades promotoras do II Seminário – que envolveu universidades, órgãos públicos, entidades sindicais, sociais, estudantis, dentre outras. Segundo Carrion, “este livro deseja dar uma contribuição, mesmo que pequena, para o avanço da discussão e para a construção de uma alternativa social e programática ao neoliberalismo em esgotamento. Alternativa que amadurece nos corações e nas mentes de milhões de homens e de mulheres que não aceitam a barbárie neoliberal e lutam para que o século XXI assista ao advento de um mundo de paz, de progresso e de solidariedade”.

O livro apresenta uma série de artigos e se divide em dois grandes capítulos. O primeiro, “Crise e alternativas ao neoliberalismo: a dimensão internacional”, aborda temas ligados à crise social e financeira do capitalismo globalizado; alternativas ao neoliberalismo na Ásia; retrocesso social e resistência ao neoliberalismo na Europa; e, a luta contra o neoliberalismo na América Latina. Neste capítulo se destacam os textos de Biplab Dasgupta (PC da Índia, marxista), Gladys Marin (PC do Chile), Paulo Vizentini (UFRGS) e Bernard Cassen (França).

No segundo capítulo, “Um projeto nacional e popular: alternativas ao neoliberalismo no Brasil”, discutem-se alternativas para a consecução de um projeto social e nacional em nosso país. São abordados os temas da dívida interna e externa e a inserção internacional do Brasil; política industrial e tecnológica para o país; política agrária e agrícola; papel do Estado e participação popular; e um projeto nacional e popular para o Brasil. Dentre os vários autores, destacam-se Renato Rabelo, Luís Fernandes, Bautista Vidal, José Dirceu, Emir Sader, Renato Lessa e Tarso Genro.

Como reflexo das discussões ocorridas no II Seminário, já referido, os textos – segundo os editores – poderiam ser divididos em dois paradigmas que têm orientado a ação política contemporânea dos opositores ao neoliberalismo: a ênfase na resistência ou na construção de alternativas. A primeira pressupõe que a evidência das crescentes resistências acabará produzindo per se a superação do neoliberalismo. A segunda privilegia a questão do virtual esgotamento do modelo e as perspectivas que se abrem para a ofensiva política que poderá resultar das atuais resistências.

A edição de Século XXI: barbárie ou solidariedade?… é mais uma contribuição para os leitores interessados neste debate, o mais importante da atualidade, e está em sintonia com as lutas desenvolvidas para a construção de uma alternativa ampla e conseqüente ao neoliberalismo, em escala mundial, e, em escala local, contra esta orientação adotada e desenvolvida em nosso país pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

Segundo Paulo Fagundes Vizentini, na introdução do livro, “os fatores objetivos para a superação do neoliberalismo estão dados, mas os subjetivos, indispensáveis para a construção de uma alternativa, ainda estão por ser desenvolvidos”. E, ainda, para Raul Carrion, “vai ficando cada vez mais claro que o neoliberalismo não é um caminho de verdadeiro desenvolvimento para nossos países, mas um modelo que serve unicamente aos interesses do grande capital financeiro internacional”.