Depois de muitos anos, o panorama das forças de esquerda – sobretudo aquelas que lutam pela revolução, pelo comunismo – tem se modificado rapidamente. Três harmoniosos debates as animam: Qual o projeto político a seguir? Quais os modos de organização e alianças; bem como qual é o balanço do socialismo real? Qual a ação comum frente à globalização capitalista e ao imperialismo?

Essas questões dizem respeito à sua própria identidade, à sua finalidade, ao seu nome e à sua base social. A maior parte dessas forças procura igualmente medir o seu lugar nas lutas sociais, o seu peso nas eleições, suas experiências administrativas em nível local e nacional. Por toda parte, diante da mundialização capitalista, multiplicam-se as iniciativas de resistência, de reflexão alternativa; e as lutas sociais de grande amplitude surgem no terreno econômico, político, nacional.

Ainda agora, onde é generalizada a reflexão e é difundida a experiência, esse panorama se torna importante para as mulheres e os homens que desejam mudar o mundo. Para conhecer este, por outro lado, não necessariamente da mesma maneira, pensam e fundamentam, para saber com que fim, e com que força, meditarão sobre o destino de suas respectivas sociedades e, por conseguinte, sobre a sociedade de todo o planeta.

É com esse objetivo que a revista Correspondências Internacionais pretende contribuir. Ela o faz privilegiando a informação, o conhecimento dos fatos e das idéias, no sentido mais amplo, sem espírito partidário. O seu subtítulo o diz muito bem: trata-se de uma revista de informação e análise do movimento operário e das forças de esquerda do mundo (entendidos no sentido mais amplo: político, social, intelectual, cultural). O objetivo é colocar à disposição de pesquisadores, quadros e militantes dos movimentos políticos, sindicais e sociais, um instrumento científico, de referência, que contribua para esclarecer quaisquer questões simples relativas a essas forças: Quais são? O que representam? O que pensam? O que fazem?

A revista é publicada em várias línguas: espanhol, inglês, francês e italiano; e tem em vista outras como russo, árabe e português. Ela é independente de qualquer estrutura pára-estatal (universidade, centro de pesquisa…) ou partidária e possui financiamento próprio com o apoio de seus leitores e de donativos. Procura formas concretas de cooperação e colaboração (elaboração, tradução, distribuição), já em curso com mais ou menos vinte países. Juridicamente, é formada por uma associação sem fins lucrativos, estimulada por parcerias, com cotas iguais, oriundas dos quatro continentes. Ao total, mais de dois mil exemplares são difundidos em aproximadamente cinqüenta países.

Da primeira época (1991-1996) à ampliação

Na França, no início de 1991, um grupo de trabalho reuniu novos pesquisadores. No lançamento, o objetivo consistiu, antes, em se obter um trabalho coletivo sobre as forças de esquerda, no sentido mais amplo, do mundo, em torno de um eixo de pesquisa interna: a noção e os contornos de uma corrente revolucionária do mundo.

No primeiro editorial foi definida a pretensão dessa nova publicação: “o confronto planetário entre Leste e Oeste tem destaque e o combate social, por toda parte, se encontra transformado. As forças, as marcas políticas e ideológicas, velhas às vezes em muitos decênios, são abaladas à mercê dos acontecimentos, dos quais recebem o ritmo e a intensidade, há pouco tempo, de condutas vertiginosas. (…) desaparecem e reaparecem; as forças esmorecem, se desviam ou nascem.”

Depois de cinco anos de existência, retrospectivamente, isso que se pode chamar “primeira época” acabou em 1996 com um número 22. Uma compilação de um certo período encontra-se disponível com um índice temático e um onomástico, com 1750 entradas (unicamente em francês).

Desde 1995 os termos de uma fórmula unicamente centrada na língua francesa, apesar das colaborações de outros países, vêm conduzindo a pesquisas com intuito de colocar mais companheirismo no lugar de uma nova fórmula, internacional, desta vez na sua própria concepção e difusão. Um primeiro número foi agendado para o verão de 1997, sob o título “Correspondências Internacionais – novo tempo”.

Patrick Theuret
Diretor de publicação

EDIÇÃO 63, NOV/DEZ/JAN, 2001-2002, PÁGINAS 80