– E aí, cara. Tudo bem?

      – Mais ou menos.

      – Que foi, cara? Por que cê tá sentado assim de ladinho? Que cara é esta? Não me diga que passou pro outro time?!

      – Ê cara, qual é? Tá me estranhando? Estou com hemorróida.

      – O QUÊ?! CÊ TÁ COM HEMORRÓDIA?!

      – Fala baixo meu. Cê é meu amigo ou não é?

      – Pô cara, claro que sou. Crescemos juntos, brincamos juntos, estudamos, viajamos, a vida toda juntos…

      – É, eu sei.

      – Estou até namorando sua irmã!

      – Ei! Isto não é prova de amizade!

      – Tá, tá! Tudo bem. Mas o que o médico disse?

      – Médico? Sobre o quê?

      – A HEMORRÓIDA, MEU!

      – Fala baixo, cara!

      – Então!?

      – Bom, primeiro…

      – Primeiro o quê? Ele… bem… enfim… fez… como direi?… exame de toque?

      – Ê cara! Será que dá pra falar mais sério? Então: ele olhou, examinou, constatou e depois de umas cinco consultas me passou…

      – TE PASSOU! Que animal! Nem respeitou sua hemorrói…

      – Ô cara, cê tá louco? Me passou o tratamento.

      – Ããn… Ainda bem. Então, tá! Vai ficar tudo bem, cê vai ver. Vamos mudar de assunto. E a Juli?

      – Acabamos. Não estava mais dando…

      – Pra você, né? Porque pros… Ah! Deixa pra lá. Ela não era seu tipo mesmo.

      Conversa vai, conversa vem…

      – Então tá, cara, tenho que ir. Ó: sábado à noite a galera vai dar um rolê na praia. Sua irmã vai. Tá a fim?

      – Fica pr'outro dia.

      – Por quê?

      – Ah! Vou sair com um médico amigo meu!