O médico havia determinado que eu repousasse e, um amigo aconselhou canja de galinha (tem que ser de galinha?). Uma voz ao telefone, sinceramente preocupada com a minha recuperação disse: “tire um tempo pra não pensar em nada”. E então, esta frase disparou a reflexão de que pensar tanto pode revelar um caminho acertado ou, menos desacertado, como pode revelar o desacerto de um caminho já adotado; o que pode levar a algum arrependimento inútil, já que não existe o retorno no tempo, mas, pensei ainda que um dos grandes benefícios de pensar, talvez seja poder discernir entre a natureza das proposições, o que ajuda a perceber a ironia das coisas e as coisas assim, sem ironia.

      Depois de um tempo pensando sobre isso, estava com fome, e sai pela cidade arrastando a perna com o objetivo de seguir o conselho da canja. Quando havia caminhado bastante, percebi que acabava de desobedecer a determinação do médico; e pensei: agora já foi. Enfim, cheguei ao restaurante.

      Tem canja de galinha? Não. Então manda qualquer coisa.

      Enquanto o rapaz do balcão falava sobre os pratos que podiam ser oferecido àquela hora; percebi a inscrição entalhada em madeira pendurada na parede: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.