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    Comunicação

    RAP da Musa

    Te louvo te rezo te saúdo santa padroeira da minha vila da minha vida. Assalto um banco te dou um chocolate branco. Seqüestro um burguês te dou um pequinês. Ganho na loteria te dou um peru da Sadia. Saqueio o céu te dou um pote de mel. Descubro um segredo de Estado (pra me calar) vou […]

    POR: Adalberto Monteiro

    Te louvo
    te rezo
    te saúdo
    santa padroeira
    da minha vila
    da minha vida.
    Assalto um banco
    te dou
    um chocolate branco.
    Seqüestro um burguês
    te dou um pequinês.
    Ganho na loteria
    te dou
    um peru da Sadia.
    Saqueio o céu
    te dou
    um pote de mel.
    Descubro um segredo de Estado
    (pra me calar)
    vou exigir que te dêem um lago.
    Herdo uma mina de ouro
    te dou
    uma saia de couro.
    Te louvo
    te celebro
    ficou louco
    o meu cérebro.
    Esqueço que sou pai
    esqueço que sou filho
    fiquei refém do teu umbigo.
    Pra chamar tua atenção
    engulo fogo
    faço gracinhas
    te convido pra soltar pipa
    — dar linha.
    Oh! Princesa, musa minha,
    me deixa te louvar, me deixa te cantar
    mesmo que morra de inveja, nossa alteza
    — a rainha.
    Dei pra não dormir
    feito um curiango
    à noite
    fico vagando.
    Dei pra não comer,
    a paixão por ti
    me tornou faquir.

    Oh! Ursa Menor,
    cura os meus olhos
    — eu queria tanto ver…
    de novo… o sol,
    o céu, você…
    Oh! ursa menor,
    os trópicos ficaram loucos
    e está a nevar por aqui.
    Me deixa ser teu filhote
    aquece-me com teu pêlo caliente
    me deixa sugar teu leite quente.

    Oh! ursa menor,
    deixa um pouco para mim
    dessa ursânica libido
    acumulada
    em seis meses de hibernação,
    me deixa entrar na tua gruta,
    animal do cão.

    E você diz:
    — Louva-me e me bendiz
    (foi o que sempre quis)
    pode vir e me despir
    e depois com os teus versos
    me vestir
    (e erguendo o dedo,
    meio brava, meio mãe,
    minha musa diz)
    — Mas não se prenda
    em mim não,
    hoje te digo sim
    amanhã não-sei-não.

    Verbos do Amor & Outros Versos – Adalberto Monteiro
    Goiânia – 1997

    Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).

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