Produção Industrial: o inicio da recuperação

A produção industrial brasileira cresceu 4,3% em setembro com relação a agosto (com ajuste sazonal) e 4,2% relativamente a setembro de 2002. No acumulado do ano a produção industrial praticamente não teve variação (aumento de apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2002) e nos últimos doze meses, o registro é de uma evolução de 1,6%.
O resultado de setembro, além de refletir (como em meses anteriores) o excelente desempenho de setores mais voltados à exportação, também resulta da recuperação da produção para o mercado interno.
Por categoria de uso, todos os segmentos tiveram expressivas taxas de crescimento na comparação com o mês de agosto, com o destaque para bens de capital (8,0%). Este setor acusou também o maior aumento dentre as categorias de uso na série mensal (8,6%, em relação a setembro de 2002), puxado pelo dinamismo do setor agrícola.
Outro destaque foi a recuperação do segmento de bens de consumo duráveis que cresceu 5,1% com relação a agosto e 4,9% frente ao mês de setembro de 2009. Puxaram esse crescimento a produção de eletrodomésticos (11,7%) e produção de automóveis (8,7%), em ambos os casos na comparação com setembro de 2002.
Nossos indicadores de tendências apontam uma mudança do ciclo de produção industrial em setembro do corrente ano, após 2 meses – julho e agosto – de estagnação. Esses resultados se seguem a um processo de retração iniciado em janeiro de 2003. Os indicadores mostram uma reativação generalizada, vale dizer, ela se dá tanto em termos das classes de industria como das categorias de uso. O crescimento é ainda suave. Porém, a persistirem as expectativas favoráveis dos empresários e dos consumidores, a produção física industrial devera terminar o ano com resultado positivo, ainda que modesto.
Em suma, os resultados indicam o inicio da retomada do crescimento industrial. A continuidade e a força desta recuperação dependerá do prosseguimento no corte da taxa de juros, que permanece em um patamar extremamente elevado, e da retomada dos investimentos.
O comportamento favorável da produção industrial em setembro refletiu o dinamismo das exportações brasileiras bem como da flexibilidade da política monetária, iniciada em junho, sobre as expectativas dos agentes econômicos. O declínio gradual dos juros, ao lado da adoção de medidas de estímulo à concessão de credito, da redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns setores da industria e do recuo da inflação contribuíram para a geração de um ambiente mais favorável ao consumo mediante a ampliação do endividamento, com efeitos positivos sobre a produção de bens de consumo duráveis, bens intermediários.

Carta IEDI
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial)
São Paulo/SP

EDIÇÃO 71, NOV/DEZ/JAN, 2003-2004, PÁGINAS 82