Dentro da tradição de crítica social, Luta Antiimperialista X Hegemonia Americana é uma coletânea de artigos publicados no Portal Vermelho. Ao todo são 75 trabalhos divididos entre cinco temas: 1) Guerra no Iraque; 2) Palestina; 3) Brasil e as relações internacionais; 4) América Latina e África; e 5) Países Socialistas e Socialismo. É natural que o grande peso das observações se centre no Oriente Médio, pois a guerra econômica promovida pelos monopólios internacionais do petróleo e de armamentos e a revolta popular pela autodeterminação nacional do povo palestino (a intifada), dominaram os noticiários internacionais nos últimos cinco anos.

Para os estudiosos de política, este livro é urna fonte indispensável de informações e análises. Na sua documentação encontramos o embrião de uma nova ordem mundial gestada por urna direita xenofóbica e militarista, um protofascisrno que domina o sistema político dos países desenvolvidos. Se na década de noventa a hegemonia do capital monopolista era praticada através dos ajustes econômicos e a hegemonia intelectual do pensamento neoliberal, o novo padrão político assumido pela direita mundial é a dominação coercitiva e a imposição militar de modelos políticos sobre os povos.

O movimento de libertação nacional palestino apresenta no Oriente Médio uma alternativa progressista ao modelo neocolonial dominante. Desde o seu nascedouro liderou urna resistência popular assentada sobre a massa dos expatriados camponeses transformados em refugiados sem terra.

Desde 1969 insistiu que a massa dos oprimidos (refugiados e camponesas) não somente participa na resistência, mas lidera politicamente e intelectualmente a sua concepção. Essa preferência popular explica a tenacidade da resistência do povo palestino, sua crença inabalável nos seus direitos nacionais e a disposição de oferecer sacrifícios intermináveis na luta pela liberdade. Esse modelo político oferecido aos povos do Oriente Médio é a antítese do modelo neocolonial imposto sobre as massas árabes. A sua essência é a mobilização das massas na luta pelos seus direitos nacionais, sociais e econômicos. Para o movimento palestino não há separação entre a luta nacional e a consolidação dos direitos da cidadania. A luta pelos direitos é a essência da emancipação nacional.

O significado universal da luta do povo palestino, como reconhecem os autores, foi bem concebida por Edward Said, o protótipo do intelectual progressista e o incansável críticosocial. O seu clássico Orientalismo é a doutrina intelectual que alimenta o movimento nacional palestino na sua luta contra o neocolonialismo. A sua contestação à ideologia do caráter nacional, a mesma que inspirou a dominação cultural do povo brasileiro, é a nova ideologia que inspira a luta dos oprimidos pela igualdade.

Os autores nos ensinam que no Brasil nascem possibilidades de mudanças políticas reais a partir da eleição de Luiz lnácio Lula da Silva. Abre-se um novo momento político para construir um caminho latino-americano nas relações internacionais onde a solidariedade entre os povos e o multilateralismo da política externa são os pilares de uma nova visão mundial. Enquanto o governo americano levantava as alternativas militaristas e multiplicava os gastos bélicos, Lula e as forças progressistas no Brasil erguiam as bandeiras de solidariedade, justiça social e igualdade como fontes da paz perpétua.

O livro termina com a esperança do socialismo onde as diversidades nacionais e culturais se dão num âmbito da igualdade. A única liberdade possível é aquela baseada na igualdade. Esse é o principio universal que determina o futuro dos povos e as possibilidades de um desenvolvimento justo. No cenário conturbado em que vivemos nos dias atuais, de um mundo ainda unipolar, a leitura de Luta Antiimperialista X Hegemonia Americana é muito importante para uma real compreensão dos conflitos internacionais na atualidade.

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EDIÇÃO 73, MAI/JUN/JUL, 2004, PÁGINAS 81