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    Comunicação

    A carta – capítulo 20

          – Você consegue encontrar o sujeito só pelo CPF?       – Fácil, fácil. Quer saber o quê dele?       – Tudo. Quem é, o que faz. Chegou aqui fazendo um monte de pergunta sobre o seu Jorge e tal. Quero saber qualé a dele.       – Quer que dê um aperto nele?       – […]

    POR: Elder Vieira

          – Você consegue encontrar o sujeito só pelo CPF?

          – Fácil, fácil. Quer saber o quê dele?

          – Tudo. Quem é, o que faz. Chegou aqui fazendo um monte de pergunta sobre o seu Jorge e tal. Quero saber qualé a dele.

          – Quer que dê um aperto nele?

          – Não, não precisa. Só quero saber o que ele quer com seu Jorge.

          – No aperto é ainda mais fácil do que investigar. Bota no camburão, dá um rolê com o cidadão (agora é assim: vagabundo agora virou cidadão), mete-lhe umas duas bulachas e ele já começa a piar miudinho.

          – Não. É melhor ir na moita. Minha preocupação é só com o velho.

          – E como ele tá?

          – Tá lá, dormindo. Dá dó. Um homem alegre; todo mundo gosta dele aqui. Não devia ter falado do sujeito pra ele.

          – Vai ver, uma coisa não tem a ver com a outra.

          – Não sei… não sei.

          – Bom, vou andando. Pro fim da semana, te dou notícia.

          – Valeu aí.

          – Qué isso. Precisando, é só dizer. Um abraço.

          – Vai com Deus.

          – Amém.

          Toninho fica ali na oficina, pensativo. Tenta se recordar da cara de Argemiro: gordo, atarracado, calvo… Mas as feições mesmo, em detalhes, não consegue definir. Pensa em seu Jorge. Lembra do pai. Os olhos marejam. Ri de si. A vida prega cada peça na gente…

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