Pouco render, e muito sofrer: essa é a consigna de dona Fulana, vendedora de doces na Esplanada. Manhãzinha, tabuleiro na cabeça, chega, arma sua pequena barraca, aguarda freguês. Vem lá de Riacho Fundo, de ônibus, mercadejar suas coisinhas no Plano Piloto. Retira-se com a noite chegando. O tanto de féria do dia dá pra condução, umas contas inadiáveis e algum de comer.

      – Paga aluguel, dona Fulana?

      – Quem paga é minha filha, que trabalha aqui de guardete. Venho junto com ela, pra mode me ajudar carregar as tralhas e os doces.

      – A senhora é daonde?

      – De Arcoverde, Pernambuco?

      – Pernambuco, terra boa! E veio fazer o que aqui, dona?

      Abre o sorriso banguelo e responde, vexada:

      – E não foi pra viver?