Comemoram-se datas de golpes e revoluções.
Fundações de vilas e cidades.
Ao som de bandas de música,
Com desfiles militares festejam-se
As descobertas de ilhas e continentes.
Comemoram-se natalícios de santos e heróis.
No meio da multidão danço e embriago-me
Em alguma destas datas.

Mas tem uma data que me orgulho
De integrar o universo que sabe
Que uma linda pessoa nasceu.

Tem uma data que me dá vontade
De ter dons excepcionais.
Ter poderes para tornar realidade
O que de mais ardente deseja sua alma.

Domesticar aquele cometa
Que da minha janela vejo passear no céu.
Você montada naquele animal de cauda,
Açoitando o lombo dele,
A galope cavalgando o mundo das estrelas.

Tem uma data que não é vermelho
No calendário, mas é festa nos corações de nós
Que te amamos, de nós que temos o privilégio
De sermos amados por você.

Tem uma data que me dá vontade
De beber longos goles de cachaça.
Embriagar-me ao pé de um barril de chope.

Tem uma data que dá vontade
De ser rei para te dar um pedaço do mundo;
De ser pai-de-santo para despachar com Ogum
E solicitar que sempre a proteja de mãos perversas.
Tem uma data que me dá vontade
De, novamente, ser cristão
E agradecer a Deus por ter enviado ao nosso convívio
Uma alma tão doce e amiga.

As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro
Editora Anita Garibaldi, 2006

Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).