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    Comunicação

    De belas e de feras

          Pondo de lado todas as ilações, convinha confiar. Não que ele fosse assim merecedor, mas eram tantos os seus esforços por agradar, que valia a pena encorajá-lo.       Sim, sim: cometera tantas gafes; tantas foram as sacanagens – cafajestadas até -, que qualquer uma, em pleno domínio de suas faculdades sentimentais, não apostaria um […]

    POR: Elder Vieira

          Pondo de lado todas as ilações, convinha confiar. Não que ele fosse assim merecedor, mas eram tantos os seus esforços por agradar, que valia a pena encorajá-lo.

          Sim, sim: cometera tantas gafes; tantas foram as sacanagens – cafajestadas até -, que qualquer uma, em pleno domínio de suas faculdades sentimentais, não apostaria um traque nele. Mas o que fazer quando o sujeito vinha com aquele riso malandro e aquela voz de locutor de FM? Como resistir às flores, à troca de todo o seu guarda-roupa de função por outro mais comportado, aos telefonemas de bom dia, boa tarde e boa noite, princesa, ao emprego arrancado a fórceps na padaria, e à renúncia ao pagode quase que diário?

          Sim: daria a ele mais essa chance.

          E se não desse certo? 

          Não importa. Nada importa. O que vale é esse fogo que nela se acende e esse agora tão urgente quanto necessário. O resto, se há, é barulho.

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