É hora de voltar pra casa. Atravessei os currais, banhei-me no rio Volga. Duas horas depois duas braçadas no Araguaia. Caminhei pelo Alentejo e parei pra comer sardinha no meio da seara. Sentei-me frente a um palácio e tomei chichia com os Mapuches. Peguei um táxi em Montgomery e o motorista cantava um blues com as histórias da avenida Dexter. Daqui a pouco estaremos na Argélia. Quero subir nos telhados e olhar as vielas. No bolso da mochila tem um cantil de titânio com tequila pra beber lá nos paredões. Banana, bananeira, aqui é o Vale do Ribeira? Está de brincadeira? Isso aqui é um mundo inteiro. Levante a cabeça, ali é a Serra da Barriga. Não diga? Digo, Vietnã é do outro lado da cidade. Continue caminhando e não olhe pra trás. É hora do almoço rapaz, mas só temos pão com berinjela. Daqui do alto dá pra ver as duas linhas da favela. Preste atenção, a certa altura o trem pára, adiante os Pirineus, Bálcãs, Zeus, teu bisavô. Estava no poema da praça de touros, o amor da donzela Natércia. Isso aqui era a Pérsia, agora é o Irã, joguem as armas por cima das muradas! A distância faz esquecer alguns lugares, mas onde quer que estiveres ou estares, estarei contigo, não sou seu amigo, eu sou você, Agora repita, os vales de vinha são verdes. Camarada é quem caminha parelho, parelho é do lado. O céu estrelado que brilha na noite escura do conhecimento já não ilumina o caminho dos caminhantes solitários, é hora de voltar pra casa.
Balada de um soldado
É hora de voltar pra casa. Atravessei os currais, banhei-me no rio Volga. Duas horas depois duas braçadas no Araguaia. Caminhei pelo Alentejo e parei pra comer sardinha no meio da seara. Sentei-me frente a um palácio e tomei chichia com os Mapuches. Peguei um táxi em Montgomery e o motorista cantava um blues […]
Notícias Relacionadas
-
Trump e outros populistas ameaçam futuro do planeta
Em um cenário de instabilidade política, estagnação econômica e crise ambiental, o surgimento de líderes populistas reforçam o protecionismo e ameaçam a diversidade e o meio ambiente. Entenda os desafios globais e o papel do Brasil nesse contexto
-
Tecnofeudalismo ou capitalismo? A separação política e econômica nas cidades inteligentes
Artigo exploramos como as big techs e o conceito de tecnofeudalismo estão redefinindo a relação entre economia, política e controle social nas cidades inteligentes.
-
Brasil-China: um novo centro de pesquisa para um novo tempo
Criação do Cebrac reflete a ascensão geopolítica chinesa e a consolidação dos BRICS. Autores comparam seu surgimento a centros históricos como o IUPERJ e o Cebrap, influenciados pelo soft power dos EUA no século XX, destacando o Cebrac como um marco na valorização das epistemologias críticas do Sul Global.
-
Tempos Ásperos, de Vargas Llosa: lições para o presente de um passado de golpes
Resenha de Carlos Azevedo analisa a obra, explorando a origem dos golpes na América Latina e suas conexões com os desafios atuais do Brasil, onde a desinformação e a manipulação política seguem influenciando o cenário nacional
-
Novo centro de estudos Brasil-China: Cebrac é criado para fortalecer parcerias e intercâmbio de conhecimento
Iniciativa busca aprofundar o conhecimento sobre a China contemporânea, fortalecer relações bilaterais e ampliar a cooperação acadêmica entre os dois países. Saiba como o Cebrac pode impulsionar a colaboração entre as duas potências globais
-
Plataformas Digitais: trabalho, negócios e alternativas para uma economia digital justa
Seu tempo nas redes sociais gera lucro para as Big Techs – e você não recebe um centavo. O artigo aborda como os dados dos usuários são explorados, a falta de regulação e propostas para um modelo alternativo. Leia mais sobre o impacto do capitalismo digital-financeiro