Há julhos demais em minhas manhãs.
Trôpegas,
as alvoradas fazem cara de bem,
esforçam-se por parecerem renovadas.

No entanto, o tempo é outro.
Bruxo,
injeta alquimias nas veias do mundo
e, cedo e sem remédio,
envilece as manhãs.

Luto, então, contra o luto que ameaça as estações.
Planto tua semente em cada cômodo das almas que não conheço
e anuncio teu nascimento.

É difícil arrancar um riso,
mas espero,
e, no aguardo,
capturo uma esperança.

Amanheço cansado.
O tempo continua lá,
envelhecendo-me.

Todavia, resisto,
e sigo
intentando colher-te em cada sol sob os casacos.

(Sei, é verão,
mas ninguém sabe,
e, ainda assim, sufocam).

Não sei como pode ser,
mas sinto,
estou convicto
de que seremos,
algum dia,
felizes.