No fechamento desta edição, o programa de governo da campanha de reeleição do presidente Lula ainda não havia sido divulgado. Mas os conteúdos programáticos da sua campanha até aqui publicados explicitam com nitidez o compromisso de avançar com mais ousadia na realização de um projeto nacional de desenvolvimento.

Será objetivo de um eventual segundo mandato de Lula perseguir mais aceleradamente o rumo desse novo ciclo de desenvolvimento. Um desenvolvimento – como tem pronunciado a campanha de Lula – de longa duração, com redução das desigualdades sociais e regionais, respeito ao meio ambiente e a nossa diversidade cultural, a emprego, bem-estar social, controle da inflação, democracia e garantia dos Direitos Humanos, presença soberana no mundo e forte integração continental.

É um compromisso com lastro de credibilidade. Afinal, o governo do presidente Lula saneou no essencial a herança maldita do reinado de oito anos de FHC, equilibrou a situação caótica da economia e das finanças e deu início a uma transição para um novo estágio da vida nacional, com desenvolvimento, geração de empregos e distribuição de renda. As realizações do atual governo criaram as condições básicas para que a transição iniciada, em 2003, adquira celeridade e avance na realização desse projeto nacional.

Um projeto que proporcione simultaneamente crescimento econômico e distribuição de renda, aumento da produção e valorização do trabalho, rompendo, assim, com uma “secular” diretriz econômica que até então impedia os trabalhadores e o povo de usufruir a riqueza que produzem. Não se deve esquecer que o Brasil entre as décadas de 1930 e 1970 foi um dos países de maior crescimento econômico e, ao mesmo tempo, atingiu o topo da concentração de renda.

Um projeto que, levando em conta a aprendizagem acumulada no primeiro governo das forças avançadas, estabeleça ajustes e redirecionamentos. Destaque, por exemplo, à necessidade de uma diminuição contínua da taxa de juros e a um aumento ascendente dos investimentos públicos e privados. Reafirme a integração regional solidária como parte desse projeto nacional e a inserção soberana no Brasil no mundo.

Um projeto que, na esfera institucional e política, evidencie o compromisso de realizar uma reforma política democrática que ataque pela raiz os escândalos, a prática de ilícitos envolvendo parlamentares e partidos. Uma reforma que fortaleça o pluripartidarismo, estabeleça o financiamento público de campanha e o voto em lista de candidatos. E, também, uma reforma do Estado que aumente o controle dos cidadãos sobre a máquina estatal e fortaleça ainda mais os órgãos e instituições da República encarregados de combater a corrupção e empreender a defesa do patrimônio público.

Neste debate programático, a campanha de Lula precisa desmascarar o ideário da campanha de Alckmin, demonstrando suas falácias. Como pode o tucano prometer crescimento econômico se os oito anos de FHC representaram justamente o oposto? Como pode falar em justiça social se Alckmin e FHC comandaram em suas gestões uma verdadeira caçada para eliminar e cortar direitos dos trabalhadores, além de sucatearem os serviços públicos? Como pode falar em “choque de gestão”, se os tucanos e pefelistas são responsáveis pelo apagão energético no país e pela crise da segurança pública em São Paulo? Que autoridade os tucanos têm para se apresentarem como campeões da ética se o povo tem presente na memória os escândalos que envolveram o processo de privatizações e a aprovação da emenda da reeleição de FHC? As eleições de 2006 são um desses episódios que concentram décadas de luta. É imperativo que as forças patrióticas, democráticas e populares impeçam o retorno da direita neoliberal ao poder e assegurem a reeleição do presidente Lula. O Brasil precisa continuar no caminho das mudanças!

EDIÇÃO 86, AGO/SET, 2006, PÁGINAS 3