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    Comunicação

    Perdido vício de amar

    Existo em mim e todas as coisas no meu porto se restaram e fiquei central; e sem periferias sem galerias, pose, amor ou sentimento eu continuo a vida sem muito interesse como quem se cansa de uma coisa e a persegue porque lhe falta coragem para romper com o hábito: assim é a vida: o […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Existo em mim
    e todas as coisas no meu porto se restaram
    e fiquei central; e sem periferias
    sem galerias, pose, amor ou sentimento
    eu continuo a vida sem muito interesse
    como quem se cansa de uma coisa e a persegue
    porque lhe falta coragem para romper com o hábito:
    assim é a vida: o meu costume
    e o meu vício incurável, que vai findar
    mas que não acabará por minha vontade por que sou fraco
    e covarde dentro da coragem de viver.
    Existo nas coisas
    que não possuo e em sonhos eu desejo
    estou presente nas ausências
    nas saudades e vigílias nos meus olhos
    e nas mulheres que não tive e que ficaram.
    Mais que todas as outras, as outras minhas
    as que se foram me perseguem nos silêncios
    e nas carícias que sonhei para o meu hábito –
    desfeito o sonho, permanecem nas lembranças
    as coisas que não tive, e que eram minhas
    mas se perderam, dos meus passos na estrada.

     

    Martírio das Horas Poemas – Brasigóis Felício
    Editora Oriente

     

     Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.

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