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    O Coliseu

    Signo da Roma antiga! Rico relicário De grandioso contemplar entregue ao Tempo Por séculos sepultos de poder e pompa! Afinal – afinal – depois de tantos dias De penoso peregrinar e sede ardente (Sede das fontes de saber que em ti ficaram), Ajoelho-me, um homem humilde e mudado, No meio de tuas sombras, e bebo […]

    POR: Edgar Allan Poe

    3 min de leitura

    Signo da Roma antiga! Rico relicário
    De grandioso contemplar entregue ao Tempo
    Por séculos sepultos de poder e pompa!
    Afinal – afinal – depois de tantos dias
    De penoso peregrinar e sede ardente
    (Sede das fontes de saber que em ti ficaram),
    Ajoelho-me, um homem humilde e mudado,
    No meio de tuas sombras, e bebo dentro
    Da própria alma tua grandeza, glória e trevas!

    Imensidão! e Idade! e Memórias de Outrora!
    Silêncio! e Tristeza! e uma Noite difusa!
    Sinto-vos neste instante – sinto-vos na força –
    Ó enlevos infalíveis, nem Rei da Judéia
    Jamais os ensinou nos jardins de Getsêmani!
    Ó encantos mais pujantes, que a Caldéia em êxtase
    Jamais arrebatou lá das estrelas tranqüilas!

    Aqui, onde caiu um herói, cai uma coluna!
    Aqui, onde a águia mimética luziu em ouro,
    Um vigia à noite contém o morcego negro!
    Aqui, onde as damas romanas, cabelos dourados
    Ondulavam ao vento, ondulam o cardo e o junco!
    Aqui, onde em trono de ouro flanava o monarca,
    Desliza, espectro, até sua mansão de mármore,
    Pela lívida luz da lua em corno, aceso
    O silente e veloz lagarto das lápides!
    Mas ficam! muros – arcadas cobertas de hera –
    Os plintos em pó – úmidos e pretos fustes –
    Vagos entablamentos – frisos desagregados –
    Cornijas em pedaços – o caos – a ruína –
    Estas pedras – ai! estas pedras pardas – são todas
    Todas elas da fama, e o colossal legado
    Por horas corrosivas ao Destino e a Mim?

    “Nem tudo” – os Ecos me respondem – “nem tudo!
    “Sons altos e proféticos, erguem-se sempre
    “De nós e da Ruína até o conhecimento,
    “Tal qual a melodia de Mêmnon ao Sol.
    “Regemos almas de homens do poder – regemos
    “Com um vaivém despótico mentes imensas.
    “Não somos impotentes – nós, pálidas pedras.
    “Todo o nosso poder não se foi – nem a fama –
    “Nem toda a mágica de nosso alto renome –
    “Nem toda a maravilha que aqui nos rodeia –
    “Nem todos os mistérios que em nós permanecem –
    “Nem todas as memórias que pairam acima
    “E estão girando em torno a nós qual vestuário
    “Guarnecendo-nos num manto maior que a glória.”
     

    Poesia de todos os tempos – Grandes Poetas da Língua Inglesa do século 19

    Organização e Tradução de José Lino Grünewald
    Editora Nova Fronteira – edição 1988
     

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