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    Comunicação

    A Hora dos Ferreiros

    Quando o sol ferir com punhais de fogo                                   e forja a exata hora dos ferreiros, varrei o pó da oficina e a mansidão dos terreiros, libertai a alma dos bronzes e dos meninos desatada em som e nessa aguda solidão que em ondas se apazigua – ponta de espinho antigo – na carne                  […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Quando o sol ferir
    com punhais de fogo
                                      e forja
    a exata hora dos ferreiros,
    varrei o pó da oficina
    e a mansidão dos terreiros,
    libertai a alma dos bronzes
    e dos meninos
    desatada em som
    e nessa aguda solidão
    que em ondas se apazigua
    – ponta de espinho antigo –
    na carne
                     do coração.
     
    Convocai enxadas,
    foices, forcados, facões,
    grades, cutelos, machados,
    a pesada procissão dos ferros
    afeitos ao rigor da terra
                                       e da procura
    e, por fim, as mãos,
                                       resignadas,
    multiplicadas no cereal maduro.
     
    Mãos talhadas em silêncio
                                           e ternura,
    que plantam a cada dia
    sementes de liberdade
    e colhem ao fim da tarde
    celeiros de escravidão.
     
    Esgotou-se o tempo de semear
    e inventou-se a hora do martelo.
    Retorcei na bigorna outros anelos
    e a força incandescente
    deste mar de ferros levantados.
     
    Esgotou-se o tempo de consentir
    e pôs-se a andar
    a multidão dos saqueados
    contra os cercados do medo.
     
    Homens de terra e relâmpago!
    Convertei em fuzis vossos arados,
    armai com farpas e pontas
    a paz de vossas espigas!
     
    (Do livro Dies Irae) 

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