colheria, no caminho calçado (há seis séculos),
           um cravo de tons e semi-tons de azul.
se eu morasse na finlândia,
           usaria uma camisa rosa (de botões amarelos),
           uma calça esvoaçante e sandálias, principalmente sandálias.
se eu morasse na finlândia,
           faria poemas, leria filosofia, iria ao teatro
           e tomaria vinho em um bar com mesinhas de madeira brasileira
se eu morasse na finlândia,
           faria palavras cruzadas, trataria da próstata com fleuma
           sentiria uma saudade danada do calor e me mataria com 13 anos
se eu morasse na finlândia,
           escreveria um romance de ficção científica que falaria
           de uma terra em que as mulheres tivessem uma grande bundamulata
se eu morasse na finlândia
          teria uma loja de heráldica e venderia antiguidades
          a preço de fla X flu no maracanã
se eu morasse na finlândia,
          minha cabeça estaria no lugar; minha alma, mais pura;
          meu cabelos, mais loiros; minha tristeza, mais profunda; meu salário, maior
se eu morasse na finlândia,
          meus poemas não teriam começo
          nem meio, nem fim
se eu morasse na finlândia,
          criaria um país cheio de espelhos e folhas verdes
          nem que fosse no gélido rio que correria dentro de mim